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Mais um feminicídio choca Teresina

Mais um feminicídio choca Teresina

Camilla Pereira Abreu ficou conhecida por todos os piauienses nesta semana. Um triste fim já prenunciado. Uma jovem de apenas 21 anos que se envolve com um capitão da Polícia Militar, Alisson Watson, de 39 anos. Um relacionamento conturbado desde o inicio, com registros de violência, ciumes, perseguições e ameaças. Termina com a morte cruel da garota, friamente assassinada, após uma noite de bebedeiras, sexo e muita violência. Na tarde dessa terça, o corpo de Camilla enfim foi encontrado, após 6 dias de angústia para a família, e o autor do crime entregou-se a polícia. Uma fotografia perfeita de uma sociedade que adoece e padece aos olhos de todos.
Alisson, em 2000, quando fez o concurso para ingresso na carreira militar, não foi aprovado no teste psicológico. Uma decisão judicial, no entanto, lhe garantiu a vaga. Quem agora responde por isso? Quem fora esse juiz? Que argumentos justificam a sua decisão? Alisson chegou a capitão. Vivia circulando a residência de Camilla na viatura da Polícia Militar quando estava de plantão. E usou a arma da corporação para tirar a vida de Camilla.
Camilla era estudante de Direito. Tinha 21 anos. Com pais separados, fora criada pela avó paterna. Os relatos das amigas dão conta de uma jovem que vivia se sentido presa e ameaçada. Para as amigas mais próximas, Camilla relatava os casos de agressão, mas os escondia da família. As amigas já tinham cortado relações com o rapaz, mas Camilla não conseguia. Tentava ajudá-lo e algumas vezes perdia o amor pela própria vida: mandava fotos chorando e dizia que não queria mais viver por conta das agressões que sofria.
Ambos precisavam de ajuda. Ambos clamavam por ajuda. Mas ninguém ouvia...nossa sociedade está ensurdecida e este é apenas um exemplo.
Camilla agora entra para as estatísticas de feminicídio. No ano passado, foram 54 casos no Piauí, conforme dados do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública lançados na segunda. Em 2015, foram 67. Não só as famílias, mas toda a sociedade chora junto. Por Camilla e por todas as mulheres vítimas até do próprio medo e da falta de amor próprio que as impossibilita de sair de relacionamentos doentios. Por Alisson e por todos os homens machistas e possessivos que ainda não aprenderam a amar. Pelas famílias de ambos os lados que agora vão precisar se reestruturar para prosseguir.

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