Eleições 2022

Lewandowski compara Bolsonaro e seus seguidores armados à fábula "O Lobo e o Cordeiro"

O ministro do STF lembra que, assim como na fábula, não há argumento que demova o presidente e seus seguidores sobre a segurança das urnas eletrônicas

  • domingo, 24 de julho de 2022

Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilLewandowski
Lewandowski

 
Fórum - O Ministro do Supremo Tribunal Federal(STF), Ricardo Lewandowski, publicou artigo na Folha deste domingo (24), em que compara sem citar nomes o presidente Jair Bolsonaro (PL), seus seguidores armados com a fábula "O Lobo e o Cordeiro", do escritor Esopo, que viveu na Grécia Antiga (620 a.C.-564 a.C.).

Lewandowski resume a fábula:

“Em um pequeno córrego, bebia água um lobo faminto, quando se aproximou mais abaixo um cordeiro, que também começou a beber. Com um olhar ameaçador e dentes arreganhados, o lobo grunhiu: ‘Como você ousa turvar a água onde bebo?’.

O cordeiro, humildemente, redarguiu. ‘Eu estou abaixo da correnteza e, por isso, não poderia sujar a sua água.’ O lobo, enraivecido, rosnou. ‘Seja como for, sei que você andou falando mal de mim no ano passado.’ O cordeiro, tremendo de medo, retrucou: ‘Não é possível, no ano passado, eu ainda não tinha nascido’.

O lobo, pego de surpresa, replicou. ‘Se não foi você, foi seu irmão, o que dá no mesmo.’ Apavorado, o cordeiro defendeu-se, mais uma vez, retorquindo: ‘Eu não tenho irmão, sou filho único’. Já salivando, o lobo rezingou: ‘Então, foi alguém que você conhece, um outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho’.

E, saltando sobre ele, devorou-o. Moral da história: quem pretende usar a força não se sensibiliza com nenhum argumento.”

De acordo com o magistrado, “esta velha fábula remete-nos à inusitada situação vivida atualmente no Brasil, na qual agentes governamentais, secundados por integrantes de estamentos armados —ao que se sabe, minoritários— colocam em dúvida, mediante alegações completamente infundadas, a segurança das urnas eletrônicas, que há cerca de 25 anos captam e computam, sem maiores contestações, os votos dos eleitores brasileiros”.

Ele então afirma que, assim como na fábula, “quem acompanha essa polêmica, no mínimo farsesca, constata estupefato que, a cada refutação ofertada por juristas e técnicos em informática, os detratores de nosso processo eleitoral, respeitado pela grande maioria dos cidadãos brasileiros e admirado pela comunidade internacional, articulam renovadas cavilações para solapar a credibilidade do pleito que se avizinha, com a ameaça velada de rejeitar o seu resultado, caso os candidatos pelos quais externam despudorada preferência não se sagrem vencedores”.

Ao final, Lewandowski vaticina: “os lobos não levarão a melhor, por mais que elaborem sofismas e exibam as presas, pois os hoje mais de 150 milhões de brasileiros aptos a votar —os quais de cordeiros não têm nada—, escaldados pelos incontáveis retrocessos institucionais que maculam a crônica política nacional, certamente haverão de fazer prevalecer a sua vontade soberana”, encerra.

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