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Le Monde publica coluna de Lula: “Em janeiro, Brasil voltará à cena internacional para construir um mundo melhor”

Na coluna, Lula apresenta “credibilidade, previsibilidade, estabilidade” como os eixos de governo

Foto: Reprodução/Le MondePrincipal jornal francês publica coluna de Lula na véspera das eleições
Principal jornal francês publica coluna de Lula na véspera das eleições

O jornal francês Le Monde publicou neste sábado (29) uma coluna do ex-presidente Lula. Intitulada “O Brasil deve estar presente de novo nos grandes debates internacionais”, a coluna apresenta os eixos do programa do candidato, sua visão para o Brasil no mundo e tece fortes críticas aos resultados do governo atual.

“Domingo, 30 de outubro, os brasileiros e brasileiras votam por seu futuro, depois de quatro anos de ódio, mentiras, negacionismo científico e a morte de uma quantidade insuportável de nossos cidadãos durante a pandemia de Covid-19. Os brasileiros e as brasileiras devem agora escolher entre um governo que defenderá a democracia, a paz, a unidade de nossa sociedade e o respeito dos direitos de todos ou prolongar a experiência de um poder que não parou de nos isolar e envergonhar no mundo inteiro”, diz Lula.

“Depois dessa longa campanha presidencial na qual tive o privilégio de encontrar milhões de brasileiros e brasileiras e depois de ter obtido mais de 57 milhões de votos no primeiro turno, dia 2 de outubro, eu tive a convicção de que, a partir de primeiro de janeiro de 2023, o Brasil voltará a ser o país de todas e todos e que aparecerá na cena internacional para contribuir à construção de um mundo melhor”.

Na coluna, Lula apresenta “credibilidade, previsibilidade, estabilidade” como os eixos de governo.

“Hoje, a urgência climática, o aumento das desigualdades e as tensões geopolíticas revelam a crise que afeta nosso planeta. Infelizmente, Jair Bolsonaro não parou de agravar essa situação praticando revisionismo climático, atentando contra as instituições da nossa democracia e promovendo a intolerância. Essas características de seu governo fizeram do Brasil um novo pária na cena internacional. Isso não pode mais continuar”, afirma.

“O Brasil, sob minha presidência, se beneficia de novo de políticas públicas visando a melhorar a vida do nosso povo e inspirando iniciativas fortes a favor da proteção do meio ambiepnte, principalmente da Amazônia, e da luta contra a pobreza no mundo”.

“Meu governo vai reposicionar nosso país no coração dos investimentos internacionais, a fim de poder criar empregos e assim fazer funcionar de novo a economia em prol de todo o povo brasileiro e não apenas de alguns”, promete.


“‘Credibilidade, previsibilidade, estabilidade’ será o lema de meu governo. Eu sei que a situação do Brasil em 2022 é pior do que a de 2002. Mas eu tenho a experiência de governar em situação de crise: em 2003, eu assumi o governo com 10% de inflação e 12% de desemprego. O Brasil devia então 30 bilhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional. No final do meu mandato, dispusemos de reservar estimadas a mais de 200 bilhões de dólares e emprestamos 15 bilhões de dólares ao FMI”, lembra.

Lula propõe reforçar o Mercosul. “Meu objetivo agora é fazer mais e melhor. Para isso, é necessário que o Brasil esteja presente de novo nos grandes debates internacionais”.

“Desenvolveremos uma política externa soberana e ativa. Trabalharemos a favor da paz, do diálogo e da cooperação internacional. Cremos em um mundo multipolar, e contrariamente a certos membros do governo Bolsonaro, não pensamos que a Terra é plana e que a mudança climática não existe. Meu governo trabalhará, com outros países, para reconstruir o Fundo Amazônia e assim cuidar da floresta amazônica e a biodiversidade”, anuncia.

“Na América Latina, vamos reforçar o Mercosul e reativar a integração regional. Não queremos mais que a América Latina se limite a exportar matérias-primas. Nesse sentido, trabalharemos para que nossos países possam de novo se industrializar e progredir tecnologicamente”.

“Diante das rivalidades crescentes entre a China e os Estados Unidos, queremos dialogar com todos, e construir uma parceria estratégica com a União Europeia. A melhoria dos termos do acordo Mercosul-UE nos permitirá aumentar nossos fluxos comerciais, aprofundar nossas ligações de confiança e reforçar a defesa de nossos valores comuns”, defende.

“Por outro lado, a prioridade de meu governo será restabelecer a relação com o continente africano. O Brasil estará presente para ajudar e ampliar a cooperação política, econômica e social com seus países. Cremos – e, ganhando, trabalharemos – por um mundo multipolar e unido em torno de valores tais como a solidariedade, a cooperação, o humanismo e a justiça social. Diante dos desafios de civilizações que vivemos, acreditamos em uma nova governança mundial que deve começar com o alargamento do Conselho de Segurança da ONU e a implementação de novas formas de cooperação entre países”, propõe.

“Acreditamos que um outro Brasil é possível e que outro mundo é possível porque num passado não muito distante começamos a construi-lo”, conclui.

Le Monde é o jornal de referência na França. Na seção tribunas, publica manifestos de personalidades da sociedade francesa e do mundo, inclusive chefes de governo e Estado.

A coluna reflete a centralidade da questão climático-ambiental na agenda pública europeia, indicando a possibilidade de retorno do Brasil ao papel de produtor de políticas necessárias para responder a esse problema mundial, caso Lula seja eleito. Depois de sua turnê europeia de novembro passado, é mais um passo na recuperação da credibilidade do país na comunidade internacional, duramente afetada pelos anos Bolsonaro.

Com informações do DCM 

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