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Juros altos diminuem vendas e enfraquecem o comércio. Povo vai às ruas na próxima terça-feira

Na próxima terça-feira haverá manifestações pela redução dos juros

Foto: DivulgaçãoComércio popular
Comércio popular

A alta taxa de juros e o tempo de permanência em patamar elevado prejudicam o comércio ao desestimular o consumo e encarecer as operações de linha de crédito para as empresas, segundo especialistas consultados pela CNN.

“Com os juros que estamos, por um longo tempo, isso tem um duplo efeito. Primeiro, o crédito para capital de giro fica mais caro para o comércio varejista. E, segundo, com este patamar da Selic, a economia desacelera. Logo, o consumo diminui e o comércio passa a vender menos”, diz Rodrigo Simões economista e professor da FAC-SP.

A taxa de juros no início de 2022 era de 9,15% e encerrou o ano no patamar atual de 13,75% ao ano.

Segundo Simões, o setor, principalmente o comércio varejista, depende em grande medida do crédito para girar o caixa, uma vez que as margens de lucro são baixas. Trata-se, na avaliação dele, de operações que mantém muitas empresas vivas no dia a dia.

O especialista explica que a queda do consumo aliada às projeções de desaquecimento da economia faz com o crédito fique ainda mais caro.

Além do impacto no crédito para as empresas, os consumidores também realizam menos empréstimos e financiamentos, opções frequentemente utilizadas para a compra de bens como eletrônicos e eletrodomésticos.

A avaliação é de que além da dificuldade para conseguir crédito, existe muita inadimplência no Brasil atualmente. Logo, segundo os economistas, os consumidores optam por pagar as dívidas em vez de utilizar o dinheiro no consumo de bens.

“A atividade econômica vem esfriando. Os juros altos prejudicam vários aspectos para o comércio. Os bens ficam um pouco mais caros, e a maior parte destes é consumida com crédito, parcelamento, financiado no cartão. O nível de inadimplência da população também é prejudicial”, diz o economista Denis Medina.

Estudo da Serasa Experian mostra que em cinco anos, o número de brasileiros inadimplentes passou de 59,3 milhões para 70,1 milhões, um recorde na série histórica.

O valor das dívidas também cresceu. Em média, cada inadimplente deve R$ 4.612,30. Em janeiro de 2018, era R$ 3.926,40, um crescimento de 19% no período.

Economia dá sinais de desaceleração

Ainda que tenha crescido 2,9% em 2022, a economia brasileira demonstrou, no quarto trimestre, sinais de desaceleração ao recuar de 0,2% em comparação com o período imediatamente anterior.

“Se olharmos apenas os juros, isoladamente, ele é um vilão. Mas ele está alto para a combater a inflação que ainda é persistente. Temos visto perspectivas de aumento da inflação ao longo desse ano”, diz Medina.

Na próxima quarta-feira (22), o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), se reúne para decidir sobre a taxa Selic. A expectativa para a reunião é alta por parte dos setores econômico e político.

Por juros mais baixos, povo vai às ruas na próxima terça-feira (21)

Contra a exorbitante taxa de juros praticada pelo Banco Central (BC) e a favor da democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), trabalhadores e trabalhadoras do Brasil vão às ruas na próxima terça-feira, 21.

O ato por uma taxa de juros mais justa para o povo brasileiro é organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), por centrais sindicais e pelos movimentos populares.

O protesto para reivindicar a queda da taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 13,75% ao ano, e a democratização do CARF deve acontecer em todas as regiões do país.

A mobilização nacional também pede pela saída do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, aliado de Bolsonaro.

Sindicalistas e representantes das centrais sindicais Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, CSP Conlutas, Intersindical, A Pública e os movimentos Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular ressaltam que a alta taxa de juros paralisa a economia e impede o país de crescer, gerar emprego, distribuir renda e facilitar o acesso ao crédito.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, convoca a sociedade para participar dos atos em cidades que tenham sede do Banco Central. Veja abaixo:

“Menos juros é mais investimento, mais emprego, mais saúde, mais educação. Menos juros é melhoria na vida dos brasileiros. Participe, pois discutir a economia do nosso país é importante para o trabalhador. manifeste-se também!”.

Participação popular

A manifestação também defende a democratização do CARF com participação popular para reduzir a sonegação de empresas e aplicar os recursos em investimentos em áreas como saúde, educação, infraestrutura e programas sociais, como o Bolsa Família.

O CARF é um órgão composto por representantes do governo, empresariado e trabalhadores, que julga os processos administrativos referentes a impostos, tributos e contribuições, inclusive da área aduaneira (importação e exportação) sonegados pelos patrões.

Conforme a CUT, até 2020, em caso de empate em algum julgamento, havia o chamado “voto de qualidade”, proferido por conselheiros representantes da Fazenda Nacional, na qualidade de presidentes das Turmas e das Câmaras de Recursos Fiscais.

Locais dos atos

Os atos serão realizados em frente às sedes do Banco Central de cada cidade do país. Nas cidades onde não há sede do BC, os protestos acontecerão em locais de grande movimento. Confira abaixo:

Belém/PA: Boulevard Castilhos França, 708 – Campina, às 9 horas.

Belo Horizonte/MG: Av. Álvares Cabral, 1605 – Santo Agostinho, às 10 horas.

Brasília/DF: Setor Bancário Sul (SBS), Quadra 3, Bloco B, Edifício Sede do BC, às 12h30.

Curitiba/PR: Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico, às 11 horas.

Fortaleza/CE: Av. Heráclito Graça, 273 – Centro, às 9 horas.

Porto Alegre/RS: Rua 7 de Setembro, 586 – Centro, às 12 horas.

Rio de Janeiro/RJ: Av. Presidente Vargas, 730 – Centro, às 11 horas.

Recife/PE: Rua da Aurora, 1259 – Santo Amaro, às 9 horas.

Salvador/BA: 1ª avenida, 160 – Centro Administrativo da Bahia (CAB), às 9 horas.

São Paulo/SP: Av. Paulista, 1804 – Bela Vista, às 10 horas.

Com informações da CUT e CNN

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