Juízes federais chamam falas de Bolsonaro de 'distorcidas' e 'inaceitáveis'
Ajufe e outras 10 entidades manifestaram apoio a Fux 'na defesa da ordem jurídica'

Um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) cancelar a reunião para discutir a harmonia entre os Poderes, juízes federais divulgaram uma nota classificando como "inaceitáveis as repetidas mensagens distorcidas sobre decisões judiciais” protagonizadas pelo presidente da República Jair Bolsonaro. Os magistrados também manifestaram repúdio "à escalada de desrespeito" aos integrantes do STF.
O presidente do Supremo, Luiz Fux, cancelou nessa quinta-feira (5) um encontro anunciado com os chefes dos Poderes. Fux também fez um pronunciamento em resposta aos frequentes ataques de Bolsonaro, que ameaçou agir fora da Constituição, insultou ministros do STF e voltou a atribuir supostas falhas ao sistema de votação brasileiro após ter sido incluído no inquérito das fake news.
O texto, assinado pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e dez entidades regionais de juízes federais, ainda manifesta apoio ao recado de Fux, que sinalizou romper o diálogo com o Executivo. Segundo as entidades, o ministro "tem se dedicado na busca pelo diálogo equilibrado e transparente entre as autoridades constituídas”.
“São inaceitáveis as repetidas mensagens distorcidas sobre decisões judiciais e sobre a higidez do processo eleitoral brasileiro, além das reiteradas ofensas a membros do Supremo Tribunal Federal, com ameaças diretas de ruptura com a ordem legalmente constituída”, diz a nota.
Os juízes afirmam também que “a liberdade de expressão não autoriza que sejam proferidas ameaças às instituições ou a seus integrantes, tampouco ilações e calúnias contra quaisquer pessoas, sobretudo magistrados no cumprimento do seu dever constitucional".
A nota diz ainda que o "contínuo e ruidoso atrito entre os Poderes da República" dissemina "sentimentos de temor à sociedade brasileira".
“A superação das dificuldades vivenciadas pela população em razão da pandemia exige união de esforços e proteção das instituições que compõem o nosso Estado Democrático de Direito. O contínuo e ruidoso atrito entre os Poderes da República somente gera insegurança institucional e dissemina sentimentos de temor à sociedade brasileira”, afirma.
Com informações do G1
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