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Jovem estuprada dentro de viatura por PMs no RJ está em pânico: “trancada em casa”

Crime ocorreu na semana passada em local deserto; quatro agentes foram presos pela Corregedoria da Polícia Militar

Foto: Paulo TeixeiraPM do RJ
PM do RJ

A jovem de 18 anos que denunciou ter sido torturada e estuprada por um policial militar na noite de quarta-feira, em Saquarema, na Região dos Lagos, está trancada em casa, com medo, desde a denúncia. Nesta segunda-feira, quatro agentes suspeitos de envolvimento no caso foram presos pela Corregedoria da Polícia Militar: Alexsander Moreira Simas, Diogo Viana Lourenço, Gerson Jucá Rolim de Paula e Sainclair Marinho Antunes Corecha. O cabo Gerson Jucá Rolim de Paula, suspeito de cometer o ato, estava na viatura acompanhado de Simas. Os outros dois PMs estavam em um segundo carro, que acompanhou os agentes que estavam com a vítima até um local deserto.

Ao saber da notícia da prisão, a jovem disse estar aliviada, mas, ainda assim, com muito medo. "Não posso ver uma viatura na rua, um carro estranho, que eu já começo a ficar traumatizada", disse a jovem. "Ainda estou muito insegura, mas agora posso ficar um pouco mais tranquila sabendo que a justiça foi feita", ressaltou.

Segundo o advogado de defesa da vítima, Thiago Camarinha, a jovem está trancada dentro de casa, traumatizada. No dia seguinte ao crime, após fazer o registro de ocorrência, ela foi atendida pela Secretaria da Mulher, órgão da Prefeitura, e recebeu atendimento psicológico. Camarinha diz que a jovem vai precisar de acompanhamento constante e dever iniciar a terapia já nesta semana.

Segundo o advogado, essa é a segunda vez que a jovem é abusada sexualmente, o que deixou o psicológico dela ainda mais abalado. No momento, ela está em casa com a irmã, a tia de criação e o ex-padrasto. A mãe da jovem já faleceu.

Foi a tia da jovem, inclusive, que a orientou a fazer a denúncia. Depois de ser deixada no local da abordagem por volta das 2h da manhã, ela foi para casa e contou o que havia acontecido. Segundo Camarinha, a tia não deixou a jovem tomar banho para preservar as provas para a perícia que seria feita no dia seguinte.

— Ela conseguiu não tomar banho e ficar intacta para a perícia. Elas me procuraram e, no dia seguinte, nós fomos até a polícia — explica o advogado. O exame de corpo de delito, realizado no Instituto Médico Legal (IML) horas após o registro de ocorrência na delegacia, apontou a existência "lesão corporal contusa em membros superiores, vulva e vagina". O relatório descreve também "vestígios de violência sexual", além de hematomas nos braços causados por "ação contundente.

Ela será ouvida pela Polícia Civil ainda nesta semana.

O caso

A vítima contou na delegacia que foi a um bar na noite de quarta-feira em Bacaxá a convite de uma amiga. No local, presenciou a chegada de um grupo de três jovens que estariam usando drogas na área externa. O grupo se dispersou com a chegada de um carro da PM. Segundo o relato, dois PMs que estavam no carro — identificados como o cabo Gerson Juca Quirino Rolin de Paula, lotado na UPP Rocinha, e cabo Simas, da UPP do Alemão — desceram e as abordaram. As duas jovens foram levadas para o carro. Os policiais teriam afirmado que "ação fazia parte do procedimento".

Após passarem na 4ª Companhia do 25ºBPM, os PMs teriam levado a dupla para uma região de mata, no bairro Vilatur, a seis quilômetros de Bacaxá. A vítima disse ter estranhado a rota e a atitude dos policiais e afirmou ter pedido para ir ao banheiro. Naquele momento, o cabo Gerson Juca Quirino Rolin de Paula teria se oferecido para acompanhá-la, tendo, então, cometido o crime, após ter a ameaçado com um canivete.

A amiga da vítima não teria sido abusada nem presenciado a ação, já que o crime foi cometido longe de onde os policiais teriam parado a viatura. A vítima retornou ao carro aparentando estar desorientada e com sinais de violência.

A vítima identificou dois agentes acusados de cometer o estupro e mais dois policiais que estavam em uma segunda viatura, que acompanhou os agentes que estavam com a vítima até o local deserto. Em nota, a PM informou que a Corregedoria pediu apoio à Secretaria de Segurança de Saquarema, que forneceu os dados do GPS das viaturas utilizadas pelos policiais, assim como as imagens das câmeras de monitoramento da cidade. No dia do crime, os policiais identificados pela vítima estavam de serviço em Saquarema pelo Proeis, programa de reforço de segurança.

A Corregedoria Geral da PM foi informada do crime na última sexta-feira, após a queixa da vítima na 118° DP (Araruama) e está investigando o caso através da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar. O órgão contactou o comando do 25° BPM (Cabo Frio) e com a delegacia que investiga o caso e obteve a identificação dos agentes e o laudo pericial da 118ª DP (Araruama).

Com informações do O Globo

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