Pensar Piauí

Jornalista Cinthia Lages sobre a eleição de hoje: "não cabe isenção"

A jornalista usou o twitter para expor suas impressões sobre Lula e Bolsonaro

Foto: TwitterLula e Cinthia Lages
Lula e Cinthia Lages

A jornalista do grupo Meio Norte de Comunicação, Cinthia Lages, usou ontem o twitter para expor suas impressões sobre Lula e Bolsonaro. A repórter, numa sequência de publicações, deixou claro sua posição favorável a eleição de Lula hoje. Confira:  

"Entrevistei 4 presidentes da República, um deles, Bolsonaro, ainda candidato. Precisei subir em um caminhão onde ele estava, enquanto os apoiadores me xingavam. Fui chamada de p... do PT, comunista vagabunda e outras coisas. Fui humilhada como ninguém deve ser em seu trabalho.

Não sei como consegui terminar aquela entrevista sem transparecer o quanto me atingiu. Voltei para a emissora, editei o material e não inclui nada do que aconteceu - apenas a fala de alguém que estava empolgando multidões no Brasil e seria candidato a presidente.

Antes disso, entrevistei Bolsonaro em Brasília, logo após o episódio de violência política contra @mariadorosario. Ele me pareceu um personagem, com respostas prontas para lacrar nas entrevistas. Alguém que se satisfazia em ser grotesco e machista. Deu no que deu.

Entrevistei @LulaOficial várias vezes. Em Teresina e no interior. Acompanhei a passagem da última caravana dele, antes da prisão. Sou testemunha do que ele representa para o Piauí e para o Brasil. Na última exclusiva, me chamou a atenção a preocupação dele com a militarização das escolas. Ninguém ainda falava disso e ele já sabia o que viria pela frente: armas e violência. Ainda hoje me lembro das palavras dele sobre esse tema.

Vejo-o em sua jornada histórica. Aos 76 e ainda lutando. Poderia viver de palestras no exterior mas prefere não fugir ao papel que lhe é reservado pela história. Nem tudo são flores no Partido que ele criou e pelo qual dá a voz que lhe resta e a vida. Longe disso. Mas não há simetria entre a barbarie que é Bolsonaro e Lula.

São caminhos opostos onde não cabe isenção. A hora é grave demais para convenções. Eu venho da universidade pública, me orgulho da minha formação política e da minha condição de mulher nordestina. Medo ñ faz parte do meu almanaque e os monstros que me atormentam o farão sempre.

A gente não suporta mais 4 anos de sobressaltos diários de um insano que se apoderou das cores do país. Simplesmente não é mais possível e omitir-se é ser responsável pelo que virá. Eu quero paz, quero alguém que cuide dos pobres, que olhe para a fome.

Eu quero, um dia, poder me orgulhar de ser brasileira, poder dizer o que quero, vestir a cor que eu quiser, sem ser molestada. A foto (que ilustra o texto) é de uma entrevista gravada em Teresina, antes das 7h, pois ele tinha uma agenda intensa. Mas me recebeu com o sorriso e gentileza de sempre

Fontes não precisam ser gentis com repórteres. Afinal, elas serão confrontadas. Mas o respeito é fundamental para o livre exercício da nossa atividade. É insuportável a violência contra jornalistas no Brasil vinda do autoritarismo. Amanhã é sobre isso também."

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