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Israel realiza a carnificina contra os palestinos porque conta com a cumplicidade dos EUA

A defesa do povo palestino, de seu direito à vida, à autonomia e ao território, é parte dos compromissos inegociáveis de quem defende a humanidade

Foto: DivulgaçãoNetanyahu e Joe Biden
Netanyahu e Joe Biden

 

Enquanto eu escrevo ou você lê, as forças armadas israelenses estão chacinando crianças, mulheres e homens na Faixa de Gaza.

Israel cortou água, energia, telefone e internet de Gaza. Praticamente não deixa entrar comida ou medicamentos. Está bombardeando hospitais, escolas, campos de refugiados e prédios residenciais.

Recusou a formação de um corredor humanitário para que os civis pudessem fugir. Em vez disso, lançou ultimatos para que determinadas zonas fossem evacuadas – e bombardeou as estradas que as pessoas estavam usando para escapar.

Tem um dos exércitos mais modernos e poderosos do mundo e o usa com força total contra a população civil, sob o pretexto de lutar contra uma facção militar pequena e mal equipada.

O discurso oficial de Israel nega a humanidade dos palestinos. “São animais”. “Não há inocentes”. “Gaza não precisa de ajuda humanitária, mas de centenas de toneladas de bombas”.

Israel usa armamentos proibidos e viola todas as leis da guerra. Hostiliza as Nações Unidas quando ela ousa pedir paz ou respeito aos civis palestinos. Pediu a renúncia de seu secretário-geral, expulsou funcionários da ONU.

Não esconde seu propósito: é uma guerra de extermínio.

Em seus discursos, Benjamin Netanyahu evoca abertamente a história bíblica dos amalequitas, povo mítico que teria ameaçado os israelitas e por eles foi exterminado, segundo a vontade de Deus.

“Matarás homens, mulheres, meninos e crianças de peito, bois, ovelhas, camelos e até os jumentos” – eis o versículo citado por Netanyahu (1 Samuel 15:3).

Por isso, pelo mundo afora, grupos de judeus que se revoltam contra as políticas assassinas do Estado de Israel e seu governo racista, protestam: “Não em nosso nome”.

A agressão russa à Ucrânia recebeu o repúdio quase unânime da opinião pública ocidental, mas Putin, em meio às suas bravatas, não fez um centésimo do que Israel fez e continua fazendo na Palestina.

Por que Israel se sente tão confortável para empreender a carnificina contra os palestinos? Porque conta com a cumplicidade e o patrocínio dos Estados Unidos.

A desumanização do povo palestino é moeda corrente também nos altos escalões do governo estadunidense.

Na semana passada, Joe Biden, depois de afirmar que desconfiava da veracidade do número de vítimas palestinas, declarou desdenhosamente: “Estou certo de que inocentes foram mortos, é o preço a pagar quando se trava uma guerra”. Na sóbria descrição do jornal francês Le Monde, um “contraste impressionante” com a empatia que ele demonstra pelas vítimas israelenses.

Os números de vítimas são computados pelo Ministério da Saúde palestino e aceitos pelas Nações Unidas. Depois que Biden expressou sua “desconfiança”, as autoridades palestinas emitiram uma lista com nome e idade de quase 7 mil mortos, quase metade crianças – os dados podem ser confirmados por Israel, potência invasora que registra e emite as cédulas de identidade dos habitantes de Gaza.

São números anteriores à sangrenta ofensiva terrestre de Israel. Há também os corpos que não foram identificados e aqueles que foram enterrados por suas famílias sem passar pelas instalações sanitárias.

Como não se comover com o sofrimento de todo um povo? Como não chorar diante dos cadáveres de centenas de crianças, mortas a cada dia?

Como não se revoltar contra o Estado de Israel, que reproduz as práticas do nazismo – campos de concentração, racismo, delírios de “pureza” étnica, extermínio de pessoas a quem é negada a humanidade?

A defesa do povo palestino, de seu direito à vida, à autonomia e ao território, é parte dos compromissos inegociáveis de quem defende a humanidade.

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