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Insuflador de motim, Prisco foi expulso da PM e quer levar caos a outros estados

O episódio está sendo usado por bolsonaristas para insuflar uma rebelião no estado comandado por Rui Costa (PT)

Foto: ReproduçãoSoldado Prisco
Soldado Prisco

Policiais militares fizeram um protesto em frente ao Hospital Geral do Estado (HGE), na noite de domingo, e ameaçam entrar em greve após o soldado Wesley Soares Góes ser baleado por colegas num surto no Farol da Barra, na Bahia.

Ele disparou pelo menos uma dezena de tiros para o alto. Com o rosto pintado de verde e amarelo, gritava palavras de ordem enquanto descarregava a arma.

Atacou os colegas e acabou morto por eles. Terrorismo doméstico de extrema direita.

O episódio está sendo usado por bolsonaristas para insuflar uma rebelião no estado comandado por Rui Costa, do PT, e depois, quem sabe, no Brasil. A deputada Bia Kicis (PSL-DF) já trabalha nesse sentido.

A milícia virtual quer transformar Wesley em mártir e “defensor do trabalhadores” contra o lockdown dos “tiranos” (antes de ser abatido jogou pertences de um camelô ao mar).

No momento em que Wesley negociava com a PM, um sujeito fazia uma live, já faturando politicamente e buscando criar o caos.

Marco Prisco Caldas Machado, o “Soldado Prisco”, deputado estadual pelo PSC, presidente da Aspra (Associação Nacional dos Praças), quer paralisação a partir de hoje.

Passou por PT, PCdoB, PSOL, PTC, PSDB e PPS. Está alinhado com Bolsonaro.

Segundo o falecido senador Major Olímpio, Prisco tentou fomentar motins como o do Ceará, ocorrido em 2020, em outros estados.“O Prisco foi expulso da PM da Bahia e se tornou um mobilizador de greves profissional”, disse.

Líder de greves da corporação em 2001, 2012, 2014 e 2019, foi preso em duas ocasiões. A Constituição veda a greve de militares.

Foi denunciado pelo Ministério Público por falsidade ideológica, acusado de fraudar documentos da Aspra. Após a prisão em 2014, foi proibido pela Justiça de ter contato com diretores das associações e de frequentar quartéis.

Chama Rui Costa de “genocida” e “assassino”. Num discurso em que pediu a cabeça do comandante do BOPE por causa do caso Wesley, um homem gritava ao seu lado: “Agora era a hora do Exército pra intervir nesse estado comunista”.

Eduardo Bolsonaro também incentiva rebelião de PMs e sinaliza golpe de Estado

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) usou as redes sociais para incentivar motins de policiais contra os governadores que adotaram medidas restritivas e de isolamento social para conter o avanço da pandemia de Covid-19. .

"Esse sistema ditatorial vai mudar", tuitou, sinalizando um golpe de Estado. Postagem foi feita na esteira da repercussão provocada pelo surto de um policial militar da Bahia que, neste domingo (28) invadiu a área do Farol da Barra, em Salvador, e efetuou vários disparos de fuzil. Ele foi morto após ser atingido por disparos feitos por outros PMs durante a operação para contê-lo. 

Mais cedo, a presidente da Câmara, a bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), também utilizou as redes sociais para incitar um golpe da PM contra o governador da Bahia, Rui Costa (PT).

“Morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia”, escreveu no Twitter. 

Márcia Tiburi adverte: “é realmente gravíssimo o que se passa na Bahia”

O uso da morte do PM Bahia neste domingo (28) durante um surto psicótico para incentivar uma rebelião das polícias contra os governadores pela extrema-direita causa alarme e indica que o cenário político está se deteriorando. A filósofa Márcia Tiburi escreveu tuíte na manhã desta segunda-feira afirmando que “é realmente gravíssimo o que se passa na Bahia”.

Segundo o policial Leonel Radde, vereador do PT em Porto Alegre, “a extrema direita fascista está fazendo política e fake news em cima da morte de um policial que teve um surto psicótico, colocando a vida de seus colegas e da população em perigo. É muita necropolítica e desrespeito à vida e, inclusive, à memória do policial abatido.”

Veja a sequência de tuítes:

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