Pensar Piauí

Hildegard Angel escreve sobre Lily Safra - uma das mulheres mais ricas do mundo

No Brasil, ela financiou um instituto de pesquisa em Natal, onde atuou o grande neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis

Por Hildegard Angel, jornalista

Morreu ontem, sábado (9), em Genebra, na Suíça, a brasileira, gaúcha, Lily Safra, uma das mulheres mais ricas do mundo, com uma fortuna modestamente calculada em R$ 5 bilhões, mas seguramente muito maior.

Lily foi casada por mais de 20 anos com o banqueiro Edmond Safra, seu terceiro marido oficial, que morreu num incêndio, numa aparente tentativa de assalto, em que foi ateado fogo em seu apartamento no hotel Hermitage, em Monte Carlo, uma das cidades mais seguras da Europa, onde moram os super-ricos, que gostam de uma vida glamurosa. 

No currículo conjugal de Lily, houve também Mário Cohen, falecido, com quem teve três filhos, e outro marido milionário, Fred Monteverde, dono da rede de lojas Ponto Frio, casamento que durou quatro anos e se traduziu em mais dois filhos e uma imensa fortuna.

Entre a morte de Monteverde e o casamento com Safra, houve o casamento com o empresário inglês Samuel Bendahan, que foi anulado, e ao que parece o motivo foi ter surgido Safra no cenário.

Quando Edmond Safra, o então banqueiro mais rico do mundo, morreu, em 1999, a press internacional, inclusive o escritor Dominique Dunne, na Vanity Fair e em reportagens sobre o livro The Gilded Lily, de Isabel Vincent, a chamou de "viúva negra", evocando a morte, também em circunstâncias esdrúxulas, de Monteverde, que, em 1969, se suicidara com dois tiros dados, dizia-se, com a mão direita, mesmo canhoto. 

Nada foi provado, mas quando se divulga ao vento versão falsa ou verdadeira ela adere indelével ao biografado.

Lily se manteve firme, tomou as providências legais para a proibição do livro de Vincent, e prosseguiu em seu projeto pessoal de apoio às artes e entidades de pesquisa científica em prol da Humanidade, com generosos aportes de recursos.

No Brasil, ela financiou um instituto de pesquisa em Natal, onde atuou o grande neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, e um projeto de tratamento de esgoto em cidade do interior da Bahia, além de contribuir para várias ONGs.

Eu a conheci quando veio ao Brasil para o casamento do filho Cláudio Cohen com a filha de Inês e Oscar Bloch, Eveline, num evento absolutamente inesquecível no prédio sede da Manchete, no Rio de Janeiro.

Nascida em Porto Alegre, em 1934, de origem modesta, Lily descendia de uma família de imigrantes russos-judeus. Ela dividia-se entre Mônaco e Londres, além de ser dona da famosa Villa Leopolda, em Villefranche Sur Mer, no Sul da França, e foi eleita uma das Mulheres Mais Bem Vestidas do Mundo tantas vezes que foi incluída no "hall of fame" da lista. Morreu com 87 anos.

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