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Haddad não será candidato a prefeito de São Paulo?

Fernando Haddad é um ativo do PT para as eleições presidenciais de 2022

Foto: Brsil247Fernando Haddad
Fernando Haddad

O ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, candidato derrotado no segundo turno das eleições para a Presidência da República, em 2018, não respondeu, de forma direta, à pergunta feita pelo jornalista Leonardo Attuch, da TV 247, se será candidato do PT ou não à prefeitura de São Paulo. Haddad não afirmou, peremptoriamente, que não será candidato à prefeito da capital paulista, e isso não define sua situação quanto às eleições municipais deste ano. É preciso prestar atenção às palavras dos políticos.

Sua resposta consistiu em apontar que o partido tem sete pré-candidatos muito qualificados à Prefeitura Municipal de São Paulo, o que, é evidente, pode ser interpretada como uma negativa oficiosa quanto à possibilidade dele disputar o poder político-administrativo da cidade. Mas sua suposta declinação, aparentemente definitiva, não está confirmada, em caráter oficial, o que sugere a hipótese contrária, ou seja, a chance dele ser o candidato petista a prefeito paulistano, aliás, o desejo da sigla e de muitos setores do campo progressista.

Uma provável candidatura do ex-ministro à prefeitura de São Paulo é vista como estratégica do ponto de vista das pretensões ou do projeto de poder do PT visando a eleição para presidente, em 2022. Mais do que isso, sob o prisma das esquerdas brasileiras, incluindo todos os partidos assim reconhecidos no espectro político-ideológico. Conquistar São Paulo, a maior, mais rica e poderosa cidade da América do Sul, sem dúvida repercutirá no desfecho das eleições daqui a dois anos e nove meses. Por isso, todo o apelo em favor de Haddad.

2020, não!

Porém, considerando o contexto de suas declarações mais recentes, o ex-ministro está decidido a não encabeçar a ideia de tentar de vencer a eleição para prefeito paulistano, em 2020. Seus argumentos são compreensíveis e completamente coerentes, em especial, no que toca ao fato de ter disputado três eleições quase seguidas – 2012, 2016 e 2018 –, o que pode ser encarado como bem razoável para alguém com o perfil dele. Haddad é mais técnico, acadêmico, político não profissional, mas de engajamento ideológico militante.

Ele foi eleito prefeito de São Paulo, em 2012, depois de uma gestão considerada histórica à frente do Ministério da Educação, pelo dinamismo e gigantesco alcance das transformações positivas realizadas no sistema educacional brasileiro. Derrotado no primeiro turno, como candidato à reeleição, em 2016, e igualmente derrotado, no segundo turno, pelo presidente Jair Bolsonaro, Haddad avaliaria, com toda a razão, que o momento é de preparação para uma possível candidatura ao Palácio do Planalto, em 2022.

Como o ex-ministro colocou, o importante é derrotar o obscurantismo e o fascismo representados por eventual candidatura à reeleição de Bolsonaro ou outro nome da extrema-direita ou direita. E uma eventual nova derrota, na disputa por São Paulo, praticamente inviabilizaria Haddad como principal alternativa do campo progressista à Presidência da República, daqui a dois anos. O risco seria muito alto. Usando um termo em economês, o ex-ministro pode ser considerado um “ativo” importante para o PT. E deve ser preservado como tal

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