Política

General põe a faca no pescoço do TSE: não vai ter cassação de chapa

Foi em entrevista à revista Veja

  • sexta-feira, 12 de junho de 2020

Foto: Portal BR7General Ramos
General Ramos

 

Do Viomundo

Oito ações contra a chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão estão em andamento no TSE.

Quatro delas tratam de disparos em massa durante a campanha eleitoral de 2018, ilegais pela legislação eleitoral.

Uma diz respeito ao uso indevido de uma concessão pública pela chapa, que está em fase de recurso.

Outra trata de outdoors que foram espalhados por 33 municípios do Brasil.

Duas, que estão em julgamento neste momento — interrompido por pedido de vistas do ministro Alexandre de Moraes — foram movidas pelas coligações de Guilherme Boulos e Marina Silva.

Alegam que Bolsonaro foi beneficiário de um ataque virtual contra a página Mulheres Unidas contra Bolsonaro, que passou a abrigar mensagens favoráveis ao presidente.

Depois do ataque, Bolsonaro compartilhou em uma rede social uma imagem relacionada ao ataque.

As Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que mais preocupam o entorno presidencial são relacionadas aos disparos de fake news pelo whatsapp.

O Partido dos Trabalhadores pediu que as provas obtidas pelo Supremo Tribunal Federal na ação movida de ofício pela Corte sejam juntadas às Aijes correspondentes.

As provas poderiam incluir todas aquelas obtidas pela Polícia Federal nas ações de busca e apreensão contra os suspeitos de integrar o chamado gabinete de ódio.

Porém, o general da ativa Luiz Eduardo Ramos, chefe da secretaria de Governo, já avisou que as ações serão rejeitadas.

Foi numa entrevista à revista Veja.

Apesar de considerar “ultrajante” que se fale em golpe apoiado pelas Forças Armadas no Brasil, Ramos mandou recados nas entrelinhas da entrevista.

Disse:

Fui instrutor da academia por vários anos e vi várias turmas se formar lá, que me conhecem e eu os conheço até hoje. Esses ex-cadetes atualmente estão comandando unidades no Exército. Ou seja, eles têm tropas nas mãos. Para eles, é ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático. O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda.

Aqui, Ramos está dizendo que tem ascendência sobre tropas da ativa. Mas, o que seria esticar a corda?

Ele se refere obliquamente à mensagem privada escrita pelo decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello.

Ele escreveu que “guardadas as proporções, o ovo da serpente, à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933), parece estar prestes a eclodir no Brasil! É preciso resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar quando Hitler, após eleito pelo voto popular e posteriormente nomeado pelo presidente Paul von Hindenburg , em 30/01/1933 , como chanceler (primeiro ministro) da Alemanha (“Reinchskanzler”), não hesitou em romper e nulificar a progressista, democrática e inovadora constituição de Weimar, de 11/08/1919”.

Dado o recado ao STF, o general dirige-se ao TSE:

Também não é plausível achar que um julgamento casuístico pode tirar um presidente que foi eleito com 57 milhões de votos.

O que seria um julgamento casuístico? Um julgamento do Tribunal Superior Eleitoral que não seja justo. Dizem que havia muitas provas na chapa de Dilma e Temer. Mesmo assim, os ministros consideraram que a chapa era legítima. Não estou questionando a decisão do TSE. Mas, querendo ou não, ela tem viés político.

E se essa impugnação vier a acontecer? Sinceramente, não vou considerar essa hipótese. Acho que não vai acontecer, porque não é pertinente para o momento que estamos vivendo.

Entenderam?

Não é pertinente para o momento que estamos vivendo.

Ao deixar o Comando Militar do Sudeste, um dos mais importantes do Brasil, para assumir o cargo no governo Bolsonaro, Ramos afirmou:

 Sou um soldado. E soldado não escolhe a missão. Estava apaixonado pelo comando em São Paulo, mas acredito que minha ida a Brasília é mais importante, agora, para o governo e para o Brasil.

Soldado também obedece ordens.

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