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Ex-repórter processa Globo por pressionar jornalistas a perder peso e controlar roupas

A jornalista foi demitida da emissora após 21 anos de trabalho.

Foto: ReproduçãoVeruska Donato
Veruska Donato

 

Um processo movido pela jornalista Veruska Donato contra a Globo revelou um documento com orientações sobre roupas e até mesmo a forma física de repórteres. A jornalista, que foi demitida da emissora após 21 anos de trabalho, anexou à ação um e-mail enviado pela chefia condenando roupas de tecido aderente que possam marcar “um estômago mais avantajado e barriguinhas persistentes”.

Segundo o Notícias da TV, a mensagem foi enviada em junho de 2017 e assinada por Cristina Piasentini, diretora de Jornalismo da Globo em São Paulo entre 2008 e 2020, e Ana Escalada, então chefe de Redação e atual diretora, para orientar os profissionais que aparecem em vídeo na emissora.

“A necessidade de colocar o repórter mais próximo do telespectador fez com que os blazers fossem substituídos por camisas e blusas de tricôs, as unhas pudessem ter alguma cor e saias/vestidos passaram a fazer parte do dia a dia da repórter. Apesar disso, temos visto alguns visuais inadequados, mesmo para os tempos atuais”, diz o e-mail.

As chefes consideraram um “perigo” tecidos que pudessem evidenciar sobrepeso e marcas de elástico de roupa íntima. “Tanto malhas quanto pano corrido que tenham fio de elastano na composição representam perigo em potencial para o figurino. A malha muito apertada marca detalhes, que não deveriam ser marcados, como dobras provocadas pelo sutiã, um estômago mais avantajado, barriguinhas persistentes, especialmente nos tons mais claros”.

O comunicado foi usado por Veruska para demonstrar que era pressionada a se manter em um padrão de beleza, o que a fez adoecer por não conseguir se adequar.

A jornalista entrou com ação judicial contra Globo, no último dia 31, por assédio moral e por ter sido demitida cinco dias depois de um afastamento por síndrome de Burnout. Ela também exige direitos trabalhistas do período em que trabalhou como PJ (Pessoa Jurídica).

Caso condenada, a emissora pode ter que pagar uma indenização de R$ 13 milhões. A primeira audiência do caso está marcada para o dia 27 de março.

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