Política

Estilos diferentes, mas um mesmo resultado: o sofrimento do povo

Há uma briga de ego anunciada entre prefeito e vice-prefeito da capital do Piauí

  • sábado, 15 de maio de 2021

Foto: GP1Robert e Pessoa
Robert e Pessoa

Algo ficou mais que evidente nessa mudança dos contratos de projetos culturais da Prefeitura Municipal Teresina: há uma briga de ego anunciada entre prefeito e vice-prefeito da capital do Piauí.

Tímida e pacata é a atuação de Dr Pessoa.

Colocado nele, há um vice politicamente experiente e com atuação pública marcante desde os tempos de delegado da Polícia Federal. Teria que dar problemas.

Robert Rios, segundo a própria mídia local, vem se destacando como o principal nome da gestão municipal: “as principais decisões da administração passam por ele”. Não à toa, iniciou a gestão assumindo a vice-prefeitura e acumulando também o cargo de Secretário Municipal de Finanças.

Nos quatro primeiros dias de gestão, já concedia entrevista falando em relatório paralelo da situação financeira da Prefeitura e mandando recado aos demais secretários. Também já atacava a administração tucana com relação a contratos firmados através de ONGs.

“Estamos analisando que, dos R$ 220 milhões gastos com terceirizados, muitos não comparecem ao expediente, e estamos começando a desconfiar que alguns não moram em Teresina. São pessoas que foram contratadas no período eleitoral para ajudar nas campanhas. Vamos fazer cortes. Somente a ex-primeira dama, Lucy, nomeou 1.098 terceirizados dentro da prefeitura, e o ex-prefeito, Firmino Filho, nomeou 235 terceirizados, assim como os vereadores também nomearam e essa conta foi colocada nas costas da Prefeitura. Aqueles contratos, de R$ 40 milhões, com ONGs fajutas e imaginárias, acabaram. Não tem mais nenhuma ONG recebendo dinheiro que não existe”, anunciou Rios.

Robert Rios não só cuida das finanças, como é responsável pelas articulações e ainda antecipa o que deveria ser dito pelo próprio Prefeito. Foi assim sobre os decretos contrários às recomendações do Governo Estadual sobre a pandemia, quando através da imprensa também mandou recado a todos os secretários que pensassem e agissem diferente. Enquanto isso, Dr. Pessoa atua inaugurando obras e em contato com o povo, inclusive desrespeitando as regras mundiais de prevenção ao avanço da pandemia.

A CF/88 não definiu as funções a serem exercidas pelo vice-prefeito. A tarefa principal é substituir ou suceder o Chefe do Executivo. Em Teresina, elas seguem além, e o episódio de ruptura dos contratos culturais são apenas a ponta do iceberg.

Além do peso de uma decisão tomada e anunciada de forma isolada, através das redes sociais, Robert Rios assumiu o risco e expôs gravemente o renomado maestro Aurélio Melo, recebendo de volta manifestações de toda a sociedade teresinense, especialmente da classe artística e cultural. E, por tabela, mexeu com o ex-prefeito Silvio Mendes, que saiu em defesa da administração tucana e do próprio maestro, a quem defendeu com unhas e dentes e disse que se ele fosse corrupto deixaria Teresina, numa demonstração da mais extrema confiança.

O vice-prefeito retomou velhas posturas e, em tom de ameaças, retrucou através das mesmas redes sociais e em vídeo. Uma postura que acabou sendo associada ao alinhamento político com o governo federal, que da mesma forma, desvaloriza a ciência e a cultura.

Nesta sexta-feira, o prefeito Dr. Pessoa tentou apaziguar e jogar a toalha em cima do fogo criado por Robert Rios. Disse que a decisão tinha sido tomada de forma apressada, mas que tinha seu consentimento.

E assim caminha a Prefeitura de Teresina e sua “nova” gestão. O prefeito afirma que o vice tem consentimento para tomar decisões na área cultural sem ouvir os artistas nem o Conselho de Cultura.

Na briga entre o paciente Dr. Pessoa e o valente Robert Rios quem se machuca é o povo de Teresina.

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