Pensar Piauí

Eleitos para o Senado e para a Câmara mostram a cara do fascismo brasileiro

Os duvidosos terão 28 dias para pensar em salvar o Brasil ou entregá-lo de vez a um destruidor voraz

Foto: ReproduçãoEx-ministra Damares Alves foi eleita senadora pelo Distrito FederalE
Ex-ministra Damares Alves foi eleita senadora pelo Distrito Federal


Por Walter Casagrande, colunista, no UOL 

Apuração tensa, de certa forma surpreendente, e muito decepcionante para o Brasil. Não pela eleição para presidente ter ido para o segundo turno, mas terem sido eleitos para o Senado e para a Câmara dos Deputados algumas das figuras mais destrutivas desses últimos anos.

O Brasil mostra a sua cara preconceituosa com a vitória de Damares Alves para o Senado pelo Distrito Federal. Uma pessoa nociva para a sociedade, que foi uma das grandes responsáveis por espalhar o ódio e o preconceito pelo país. Naquela reunião "macabra" dos ministérios, quando tivemos diversas falas golpistas, a dela foi a seguinte: "Presidente, já vou mandar amanhã algemar todos os governadores."

Ricardo Salles, naquela mesma reunião, disse o seguinte: "Vamos aproveitar agora que a imprensa está preocupada com a pandemia e passar a boiada". Com isso ele quis dizer que enquanto todos estavam sofrendo com o número de mortes diárias pela covid-19, eles iriam destruir a Amazônia. E, mesmo com toda traição ao nosso meio ambiente, ele conseguiu votos suficientes para ser eleito deputado federal pelo Estado que foi o mais decepcionante: São Paulo. Assim como o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que não fez nada, e com suas próprias palavras disse que "tem quem manda e tem quem obedece". Apesar da nítida declaração de omissão, também conseguiu ser eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro.

Inacreditável também foi a chegada ao Senado de Sergio Moro, ex-juiz, ex-ministro da Justiça, ex e agora atual parceiro de Jair Bolsonaro. Da mesma forma, seu parceiro de armação contra o ex-presidente Lula na Lava Jato, o ex-procurador Deltan Dallagnol foi eleito deputado federal pelo Paraná.

Pelo menos, Célia Xakriabá e Sônia Guajajara foram eleitas deputadas federais, por Minas e por São Paulo. Isso mostra a força que a bancada do cocar está conquistando. Entre tantos destruidores, teremos em Brasília duas mulheres indígenas, grandes representantes dos povos originários e protetoras de nossas florestas.

Mas o cenário geral do Legislativo, mais a disputa da eleição para presidente entre Lula e Bolsonaro, mostra que o Brasil é um país preconceituoso e com muitos fascistas espalhados pelo nosso território.

Eu acreditava que o Lula poderia ganhar no primeiro turno porque, para mim, tudo de perverso que Jair Bolsonaro fez nesses quatro anos iria mexer com o emocional das pessoas. Principalmente pelo descaso durante a pandemia, que causou a morte de mais de 680 mil brasileiros.

Mas as pessoas votaram no cara que não é coveiro, que disse não estar nem aí com as mortes pela covid, que imitou pessoas que estavam morrendo por falta de oxigênio. Nem a declaração de apoio de um condenado por estupro fez com que as pessoas percebessem a índole do candidato à reeleição. Nada disso foi levado em consideração. O bolsonarismo, apesar de ser perverso e covarde, tornou-se grande.

Agora temos que esperar e ver para que lado irão migrar os votos dos eleitores do Ciro Gomes e da Simone Tebet: para a democracia ou para a extrema-direita. Os duvidosos terão 28 dias para pensar em salvar o Brasil ou entregá-lo de vez a um destruidor voraz.

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