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Dos candidatos a vereador no Brasil, 10 estão presos

As prisões vão desde homicidas a milicianos

Foto: Huffpost BrasilAtrás das grades
Atrás das grades
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Atrás das grades

 

“Seu amigo fiel de todas as horas”. Esse é o bordão do vereador Reginaldo Teixeira, candidato ao terceiro mandato consecutivo em Mateus Leme, Minas Gerais. Teixeira, entretanto, não esteve próximo do eleitor durante a campanha: o parlamentar não pediu votos nas ruas, não gravou programas eleitorais e nem participou de carreatas. Desde junho, ele está preso, acusado de uma série de homicídios.

Teixeira não é único: ao todo, ÉPOCA contabilizou dez candidatos em todo o país que estão pedindo votos ao eleitor de dentro da cadeia. Todos são postulantes a vagas em câmaras municipais — cinco já são vereadores e querem a reeleição e outros cinco tentam seus primeiros mandatos. Além de homicídios, há candidatos que respondem por integrar milícias e facções do tráfico, por lavagem de dinheiro e até pelo roubo de carros-fortes.

Segundo a Polícia Civil de Minas, Reginaldo Teixeira — vereador mais votado de Mateus Leme em 2016, com mais de 700 votos — foi o mandante de pelo menos três homicídios que aconteceram entre 2004 e 2019 na cidade. Os crimes, segundo as investigações, são relacionados a disputas políticas na região e ao tráfico de drogas. Teixeira nega as acusações e, quando foi preso, chegou até a chamar a delegada responsável pelas investigações de “doida”. Apesar da gravidade das acusações, o vereador não desistiu da campanha pela reeleição. Quem pede votos para o candidato, entretanto, é sua família: em seu perfil no Facebook, a mulher e os filhos do vereador aparecem em vídeos tentando convencer o eleitor. “Por que votar em Reginaldo Teixeira? Porque ele é uma pessoa de um coração imenso”, diz sua mulher, Mirna Rodrigues, numa das gravações.

A acusação mais comum entre os candidatos presos é a de tráfico de drogas: cinco respondem pelo crime. Elisamar Miranda Joaquim, o Pastor Elisamar (PDT), é um deles. O candidato a vereador de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, é pastor evangélico e foi preso em plena campanha, no último dia 29 de agosto. Segundo a investigação da Polícia Civil, Elisamar herdou do irmão Eliezer Miranda Joaquim, o Criam, a chefia do tráfico do Complexo do Roseiral. Criam foi preso no ano passado e, segundo a polícia, deixou os negócios da quadrilha fora da cadeia com Elisamar. Desde a prisão, a defesa do candidato tenta libertá-lo, sem sucesso. No perfil oficial de Elisamar, sua família gravou diversos vídeos com eleitores afirmando que a prisão é “uma injustiça”. Num deles, a mulher de Elisamar diz que ele “é um homem íntegro, e a justiça de Deus é que vai prevalecer”.

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Com informações do DCM 

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