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“Dois rapazes pretos não podem andar de moto?”

A frase emblemática é de Renata Santos de Oliveira, mãe de Edson Arguinez, morto junto com e Jordan Luiz numa abordagem policial

Foto: FórumCapa do jornal
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A frase emblemática de Renata Santos de Oliveira, mãe de Edson Arguinez Junior, de 20 anos, baleado e morto junto com e Jordan Luiz Natividade, de 18 anos, após uma abordagem policial: “Dois rapazes pretos não podem andar de moto?” virou manchete do jornal Extra, nesta terça-feira (15).

"Dois rapazes não podem andar numa moto só porque são pretos? Que isso? Onde a gente está? Alguém viu meu filho roubando? Ou fazendo alguma coisa ilícita? Meu filho não estava com nada, nem o colega dele. Eles foram covardemente assassinados”, afirmou Renata.

“A troco de que fizeram essa covardia com meu filho? Esses crápulas, que dizem que são policiais. Na verdade, não são nem seres humanos a meu ver. Tiraram um pedaço de mim. Olha quantas pessoas tem aqui [cemitério], se meu filho fosse uma má pessoa, não teria nem metade de quem está aqui. Foram covardemente assassinados pelos policiais”.

Entenda o caso

Os dois jovens voltavam de um churrasco em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na madrugada de sábado (12) quando foram abordados por policiais militares. A abordagem foi registrada em câmeras de vídeo. Seus corpos foram encontrados depois, em um pesqueiro em um bairro vizinho. Os policiais foram presos preventivamente.

Edson e Jordan estavam em uma moto em movimento quando passaram por uma abordagem policial a um veículo branco. Cenas de vídeo mostram os dois deitados no chão, com um PM armado indo em sua direção.

Em depoimento à Delegacia de Homicídios, os policiais negaram que tivessem atirado nos rapazes. Alegaram que os abordaram e que o condutor da moto se desequilibrou e caiu com o veículo, tendo se ferido. Os policiais disseram que iam levar os dois rapazes à delegacia para averiguação, mas que resolveram liberá-los logo depois porque “concluíram que os indivíduos não tinham problema nem a motocicleta que usavam”. Eles admitiram que “não é usual a liberação de suspeitos antes de chegarem na delegacia ou em outro órgão”.

A perícia, no entanto, constatou algo que parece ser sangue no local da abordagem e no tapete da viatura usada pelos policiais no momento da ocorrência.

Os policiais foram detidos na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, após serem apresentados pela Corregedoria. A Justiça converteu a prisão para preventiva.

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