Política

Com anulação de condenações de Lula, Fachin truca general Villas Bôas

Muita água pode rolar, inclusive no plenário do STF

  • segunda-feira, 8 de março de 2021

Foto: DivulgaçãoFachin, Villas e Lula
Fachin, Villas e Lula

Por Leonardo Sakamoto, jornalista, no Facebook 

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal nesta segunda (8). Ou seja, depois de facilitar a eleição de um presidente que nunca demonstrou apreço à vida e acabou sendo corresponsável por mais de 260 mil mortes na pandemia, o Supremo Tribunal Federal declara que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgar os casos do tríplex no Guarujá, do sítio de Atibaia e do Instituto Lula por não tratarem apenas de desvios ocorridos na Petrobras.

Fachin mandou a Justiça Federal no Distrito Federal cuidar dos casos. Neste momento, Lula volta a estar apto a disputar as eleições presidenciais de 2022. Digo "neste momento" porque muita água pode rolar, inclusive no plenário do STF.

Mas, sem as condenações de Curitiba, perde-se o objeto da ação que julgaria a suspeição do ex-juiz federal (e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro), Sergio Moro. A decisão de Fachin, se mantida, livra Moro da vergonha de ter suas decisões anuladas por conta do relacionamento promíscuo com a força tarefa de procuradores da Lava Jato - esbórnia revelada pelas trocas de mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil em parceria com outros veículos da imprensa.

Independente das análises que ainda vão vir, e muita coisa precisa ser compreendida e explicada, a decisão não deixa de ter um efeito colateral: ser uma resposta irônica de Edson Fachin ao general Villas Bôas.

No dia 16 de fevereiro, o ex-comandante do Exército ironizou, no Twitter, uma crítica do ministro do STF aos militares. No dia anterior, Fachin havia dito que a pressão de militares sobre o Poder Judiciário era "intolerável e inaceitável", referindo-se ao relato do livro de Villas Bôas com os bastidores da elaboração de uma declaração do general, no dia do julgamento de um habeas corpus de Lula, em 2018. Na época, isso foi visto como uma ameaça à corte. O habeas corpus acabou negado e Lula passou mais de um ano na cadeia.

No dia seguinte à nota de Fachin, Villas Bôas tuitou: "Três anos depois", claramente tirando barato da cara do ministro.

Agora, Fachin também respondeu à questão da competência da Vara Federal mais de três anos da primeira condenação de Lula por Sergio Moro, ocorrida em julho de 2017, e quase três anos da prisão de Lula, ocorrida em abril de 2018.

Será que o general da reserva vai pedir "nove" e tuitar novamente?

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