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Campanha eleitoral em Rede Social x TV: com a palavra Antônio Lavareda

Antônio Lavareda Filho é um cientista político especialista em comportamento eleitoral e marketing político

Foto: DivulgaçãoComunicação e eleição
Comunicação e eleição

Antônio Lavareda Filho é um cientista político especialista em comportamento eleitoral e marketing político. Hoje ele usou o twitter para mostrar a importância da TV aberta numa campanha eleitoral. Veja:  

Lula com mais tempo de comerciais que Bolsonaro, terá importância?

Pode ter, sim. Obviamente se bem utilizados. Até o momento, sobretudo nesse segundo turno, a campanha de Bolsonaro está melhor que a de Lula na TV. Siga o fio...

E a televisão continua sendo a principal plataforma de comunicação nas eleições. É através dela que se informam a respeito 52% dos eleitores, como identificou pesquisa IPESPE/ABRAPEL. E nesse contingente está incluída a absoluta maioria da população de menor renda e escolaridade

Na TV são importantes sobretudo as inserções, os comerciais, que atingem toda a audiência das redes de televisão aberta, além de também serem transportados para as redes. Os programas custam tempo e dinheiro, mas rendem pouco. 

Quem os assiste tem alta taxa de interesse na disputa e pouquíssimos mudam de preferência. Já os comerciais surpreendem os espectadores e podem encaixar suas mensagens no público ao nível consciente e inconsciente, emocional e racional, ...

...como tratei no livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais” (Ed.Objetiva). 

Você já observou de perto o resultado da eleição de governadores? No primeiro turno foram eleitos 15 candidatos. Desses, 13 tinham o maior tempo de televisão, e 2 tinham o segundo maior tempo. 

Sintetizando, 100% dessas candidaturas foram alavancadas pela 1ª ou 2ª maior fatia de tempo na TV. 

Nos doze estados restantes onde está havendo o segundo turno, dos 24 competidores, 19 detinham no primeiro turno o primeiro ou segundo maior tempo de TV, ou seja cerca de 80% deles.

A exceção mais notável foi o Capitão Contar, no MS, que tinha o 7º tempo de televisão e foi guindado ao primeiro lugar nas urnas após receber uma declaração de apoio de Bolsonaro no último Debate, na Globo. Mas aqui também se mostra a força da plataforma. 

Desde 2018, interpretações equivocadas sobre o processo de comunicação daquele pleito alimentaram especulações sobre a desimportância do veículo tradicional, e políticos e até alguns analistas passaram a apostar as principais fichas nas redes sociais. 

De fato, isso funciona para nossas eleições proporcionais de lista aberta, com milhares de candidatos, sem nenhuma possibilidade de obter-se espaço razoável na distribuição do tempo, e onde só mensagens curtas e frequentemente jocosas (modelo Tiririca) chamam atenção. 

E funciona muito, também, para a disseminação das Fake-News. 

Mas no caso das campanhas majoritárias as redes estão longe de serem suficientes. Basta pensarmos. Como estaria Bolsonaro hoje se contasse na TV com os mesmos 17 segundos de 2018? 

Foi pensando nesse veículo que ele se filiou a um partido grande, e se esforçou para viabilizar uma coalizão poderosa.

Você ainda tem dúvidas sobre a importância da antiga plataforma? A campanha norte-americana das eleições intermediárias de novembro próximo não tem. Nesse ano, os dois partidos juntos estão gastando nada menos que 9,7 bilhões de dólares. 

Como se sabe, lá a propaganda eleitoral é paga. A Kantar esquadrinhou os primeiros 6 Bi gastos. Adivinhe qual é o principal item desse orçamento. Se respondeu “televisão aberta” acertou. US$3,8 bi investidos nela. Mais de três vezes o investimento no “digital” (US$1,2 bi).

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