Política

Barroso manda recado a bolsonaristas: “Não adianta apelar para quartéis e extraterrestres”

A afirmação foi feita em uma palestra para estudantes na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Bahia, em Salvador

  • sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Foto: ReproduçãoMinistro do STF, Luís Roberto Barroso
Ministro do STF, Luís Roberto Barroso

 

Na tarde desta sexta-feira (25), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o resultado decisivo das eleições de segundo turno representa a vontade da maioria do eleitorado e tem que ser respeitado. O magistrado disse que não adianta apelar para quartéis e não adianta apelar para seres extraterrestres”.

Durante uma palestra para estudantes na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Bahia, em Salvador, o ministro rebateu as críticas feitas ao STF, disse que a corte não tem lado e enfatizou que os questionamentos ao resultado das eleições são antidemocráticos.

“Eles têm repetido que Supremo é o povo. E é isso mesmo. Soberania popular significa a supremacia da vontade do povo, que se manifesta nas eleições. O resultado tem que ser respeitado. Não adianta apelar para quartéis e não adianta apelar para seres extraterrestres. Isso é antidemocrático”, declarou.

Desde a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 30 de outubro, diversos manifestantes bolsonaristas montaram acampamentos na entrada de quartéis em várias cidades do país em atos antidemocráticos e defendem abertamente um golpe de estado.

Em um ato golpista em Porto Alegre, manifestantes usaram lanternas de celulares apontadas para cima para o para formar uma mensagem com um pedido de socorro. O caso ganhou repercussão nas redes sociais com piadas de que o pedido seria para extraterrestres.

O partido do presidente, o PL, também questionou o resultado das eleições e acabou solicitando a anulação dos votos de parte das urnas eletrônicas, somente para o segundo turno. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), chefiado pelo ministro Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido do partido e ainda aplicou uma multa de quase R$ 23 milhões ao partido. Os outros partidos da coligação que apoia Bolsonaro também foram multados.

Sem fazer referência direta ao recuso solicitado pelo PL, o ministro do STF afirmou que contestar o resultado das urnas é uma atitude antidemocrática que “precisa sem empurrada para a margem da história”.

Durante a palestra, o ministro comentou sobre o incidente em retrucou um manifestante bolsonarista em Nova York e disse “perdeu, mané. Não amola”. O ministro comentou que perdeu a paciência após passar três dias sendo atacado por bolsonaristas golpistas, aos quais classificou como “selvagens”.

Em seguida, afirmou que tem consideração pelos 58 milhões de eleitores que votaram em Bolsonaro, porém, disse que os “humanos têm o direito de perder a paciência em algum momento da vida”.

Barroso apontou que é necessário combater “falsa crença” de que o Supremo tenha um lado na política brasileira. Ressaltou que, ao longo dos últimos anos, a corte tomou decisões que desagradaram a todos os presidentes. E continuou dizendo que nada justifica ou legitima ataques com agressividade de xingamentos à corte e aos seus ministros. Quem age desta maneira tem “baixa civilidade”.

“A civilidade e a integridade vêm antes da ideologia. Nós não podemos naturalizar a barbárie ou à selvageria.”

Com sua ida até Salvador, o ministro precisou se envolver em um forte esquema de segurança. Nos últimos dias, nas redes sociais, bolsonaristas tentaram promover protestos contra o ministro, porém, não se concretizou.

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