Pensar Piauí

As suspeitas contra Flávio Bolsonaro implicam clã

O Ministério Público está no encalce do filho do presidente

Foto: Google ImagensSerá o primeiro do clã a cair ?
Será o primeiro do clã a cair ?

As novas revelações do Ministério Público (MP) do Estado do Rio de Janeiro só comprovam o que já se sabia, há muito tempo. Sob o silêncio ensurdecedor do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que se coloca como uma espécie de paladino da honestidade, moralidade e do combate à corrupção, avançam as investigações dos procuradores do MP carioca, que aparentemente não se intimidaram. Eles continuam revirando o passado, remoto e recente, do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o 01, filho do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com o que foi investigado até o momento, Flávio teria cometido uma série de crimes, como lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, participação ou formação de organização criminosa – no caso, as milícias do Rio de Janeiro –, peculato, através de práticas como a chamada “rachadinha” e por aí vai. A “rachadinha”, é bom que se diga, não pode ser atribuída apenas a Flávio Bolsonaro. Trata-se de uma prática infelizmente antiga e adotada em todo o País, por centenas ou milhares de parlamentares, de todos os partidos.

Isso faz parte da cultura política do Brasil, cujos níveis de corrupção contaminaram na prática todos os setores da vida nacional e até mesmo o inconsciente coletivo, os valores, a visão da realidade, de parte considerável de parcela não apenas da política, mas da própria população. A “rachadinha” do 01, rastreada pelo MP, não é, portanto, um caso isolado, porém, se comprovada, não pode ser tolerada sob o pretexto de compor parte do cotidiano tupiniquim.

E o combate à corrupção?

Com o agravante de terem sido cometidos pelo filho do presidente da República, eleito com o agressivo e falso moralista discurso de combate à corrupção, os atos suspeitos do então deputado estadual merecem apuração exemplar. Ao longo de seus inacreditáveis quatro mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), ele contribuiu à ascensão do clã. E essa investigação atinge, sim, o Palácio do Planalto, e, de novo, retroalimenta uma crise política de gigantescas proporções, que não tem mais fim.

Contra todas as evidências, o bolsonarismo ainda está em alta, talvez por manipular, com competência, uma incrível máquina midiática, que arrasta multidões e envolve boa parte da grande mídia e redes sociais turbinadas por milhões de robôs. Consolidada como um grande antro de corrupção, a Alerj parece ter sido o ambiente ideal à proliferação dos prováveis crimes cometidos por Flávio Bolsonaro e seus amigos e apoiadores – ou cúmplices –, o que implica a própria República Federativa do Brasil, pois hoje ele está no Senado. Ele é o 01.

Mais uma vez, se reafirma a tese de que Fabrício Queiroz, o ex-assessor do senador, era o operador do provável mega-esquema de corrupção, que tem de tudo, inclusive a nomeação da ex-mulher e ex-sogra de um perigosíssimo miliciano, lotadas no gabinete do então deputado estadual. Trata-se do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Adriano Magalhães da Nóbrega, investigado por comandar o chamado “Escritório do Crime”, um grupo de matadores de aluguel. Mas tem muito, muito mais.

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