Política

A história se repete, independentemente da noiva

Bolsonaro tem com ex, o PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL

  • domingo, 14 de novembro de 2021

Foto: Montagem pensarpiauíBolsonaro e seus casamentos
Bolsonaro e seus casamentos

Valdemar Costa Neto (PL) e Jair Bolsonaro (ex-PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL) haviam concordado com todos os pontos sobre 2022. O Partido Liberal daria liberdade ao presidente para levar bolsonaristas para sigla. Em troca, a legenda teria autonomia nos diretórios estaduais.

Apesar de tudo, há problemas e o principal está em São Paulo. O estado paulista é o “menino de ouro”, na opinião do chefe do executivo federal.

O maior desejo de Bolsonaro era emplacar Tarcísio Freitas como seu candidato em SP. Porém, o PL paulista informou que estava fechado com Rodrigo Garcia (PSDB), apadrinhado por João Doria. Valdemar tinha dito que cada estado escolheria seus caminhos políticos em 2022.

Tanto que lideranças do Partido Liberal paulista avisaram Garcia que seguiriam com ele. Seria Rodrigo governador e  Bolsonaro presidente. E o tucano concordou.

Só que Bolsonaro soube – e essa informação a reportagem não conseguiu descobrir se é verdade – que Doria tentaria atrair o PL nacional até março. E usaria o diretório paulista para negociar. Então o presidente resolveu tirar satisfações com Valdemar Costa Neto.

Cada um lembrou seus objetivos para 2022 e os combinados que fizeram. O chefe do executivo federal deu para trás. O Partido Liberal também. E ambos optaram cancelar a data de filiação marcada para 22 de novembro.

O DCM conversou com interlocutores de Valdemar Costa Neto e todos foram unânimes: ele está muito irritado com Bolsonaro. O que tirou o cacique político do sério foi a pressão pelo diretório de São Paulo. O presidente quer um nome que o represente no PL ou que pelo menos tenha o apoio da agremiação.

Quem é Bolsonaro?

Se a trajetória política reflete a vida pessoal, como muitos acreditam nos bastidores do poder, Jair Bolsonaro pode ser tido como exemplo. No terceiro casamento, com Michelle Bolsonaro, o presidente esnobou a “noiva” PL, em seus infindáveis flertes com partidos, e adiou, mais uma vez, a definição sobre qual sigla receberá a aliança para ser levada ao altar das eleições 2022, quando deve disputar a reeleição.

Ao atrasar o casamento com Valdemar da Costa Neto, corrupto condenado e preso que comanda o PL com mãos de ferro, Bolsonaro mostra um traço comum de sua personalidade que o levou a enlaçar com oito partidos durante seus 32 anos na política, sem contar os inúmeros casos extraconjugais e namoros.

Marionete do “partido militar”, uma organização não oficial que seria composta por viúvas da Ditadura que habitam a caserna, Bolsonaro repete para 2022 o mesmo caminho que trilhou em 2018.

Antes de se lançar presidenciável pelo PSL – levando a sigla nanica à segunda bancada na Câmara Federal em uma onda conservadora -, Bolsonaro flertou com diversas legendas e chegou a iludir ao menos quatro partidos.

Lançado pré-candidato pelo PSC em 2016, após sua perfomance homenageando o coronel Carlos Alberto Birlhante Ustra ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), Bolsonaro tentou ressuscitar o Partido da Reedificação da Ordem Nacional, o Prona, que foi extinto em 2006 e ficou conhecido pelo bordão de seu fundador: “Meu nome é Enéas”.

Após a tentativa frustrada, o então deputado chegou a anunciar que seria candidato pelo então Partido Ecológico da Nação (PEN), desde que o nome fosse mudado para ficar mais de acordo com sua personalidade. Transformado em Patriota – que abriga hoje o filho, Flávio Bolsonaro -, a sigla acabou nos braços de outro militar, de mais baixa patente: Cabo Daciolo.

Heleno ficou no altar

Bolsonaro, então, iniciou um flerte com o PRP, na intenção de formar com o general Augusto Heleno o par para disputar as eleições. O hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) se filiou, mas Bolsonaro recuou.

Quando se decidiu pelo PSL – após flerte também com o PRTB, que lhe daria a mão do general Hamilton Mourão para o posto -, Bolsonaro chegou a pedir que Heleno fosse o vice, ouvindo uma negativa do PRP, que já havia costurado alianças nos estados.

A história se repete, independentemente da noiva

Menos de um ano após chegar à Presidência, em 19 de novembro de 2019, Bolsonaro anunciou seu divórcio do PSL, seu oitavo partido – com o PP, ele se “casou” por duas vezes.

Assim como em sua vida pessoal, em que arrasta ex-esposas que usam seu sobrenome e sua influência para se candidatar a cargos eletivos e influenciar na nomeação de cargos, Bolsonaro também arrasta a relação com antigos amores partidários.

O maior exemplo disso é o PP, do hoje ministro da Casa Civil Ciro Nogueira. Após as intrigas na campanha de 2018, quando atacou a chamada “velha política”, Bolsonaro abriu as portas do Palácio ao ex-partido, que assumiu a governança da casa.

Bolsonaro chegou a ensaiar uma volta, mas Nogueira parece ter ficado satisfeito com a “pensão” oferecida.

Outro amor antigo foi o PFL, atual DEM, que dessa vez não quis saber do ex, mesmo com uma ala alinhada ao governo, comandada pelo “faz-tudo” Onyx Lorenzoni.

Após infindáveis flertes e até a tentativa de criar uma esposa própria – o Aliança Pelo Brasil, uma espécie de boneca moldada de seu jeito -, Bolsonaro voltou os olhos para o PL, com quem dividiu a Câmara no fisiologismo de seus tempos como parlamentar.

A madrugada de discussão com Valdemar da Costa Neto, que o importunou enquanto curtia o turismo em Dubai, desgastou a relação e Bolsonaro, mais uma vez, ameaça a não ir ao altar.

Mas o futuro ainda é incerto. Assim como na vida pessoal, o presidente não é afeito a cumprir compromissos e, mesmo guardando mágoa, acaba reatando suas relações, desde que leve alguma vantagem nisso.

Com informações da Fórum e DCM

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