A fome no Brasil tem História

Uma fotografia (preto e branco) é de 1983, para o Jornal do Brasil, mostrando o agricultor Chico Marcelino se preparando para comer um calango, tentando não morrer de fome, em Apuiarés, a 120 km de Fortaleza, no Ceará

A outra fotografia (colorida) é de 2021, para o Jornal Extra, mostrando uma pessoa não identificada num caminhão baú, separarando ossos que vão servir como refeição. É o Rio de Janeiro dos tempos atuais.

Segundo Josué de Castro, o maior drama da humanidade é a fome. E esse drama esteve presente ao longo de toda a história do Brasil.

Até a década de 1940, a fome era tratada como algo natural, fruto da ignorância da população mais pobre e resultado de problemas alheios à ação humana.

A partir das obras desse importante médico e ativista brasileiro, ficou claro que o Brasil era um país de famélicos e que a causa desse problema era o imenso abismo social que marca esse país.

Em diferentes momentos históricos, foram criadas políticas públicas e ações da sociedade civil para lidar com o problema da fome, mas até hoje a insegurança alimentar está presente na vida de muitos brasileiros.

Agora em 2021, o retorno da fome ao país é uma realidade. Estão cada vez mais comuns cenas de brasileiros recorrendo a ossos e outras partes do boi que seriam descartadas para se alimentar. Um indicador da Conab estima que o consumo de carne (bovina, suína, de peixes, de aves) será o menor no Brasil dos últimos 25 anos.

O governo do presidente Jair Bolsonaro está disposto a brigar no Supremo Tribunal Federal (STF) para não precisar adotar políticas públicas de combate a fome ou retomar o auxílio emergencial no valor de R$ 600.

A pedido da ONG Ação e Cidadania, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no STF no fim de setembro questionando a omissão do governo no combate à fome. Com isso, a entidade pediu que o tribunal obrigue a atual administração federal a adotar medidas para atenuar o crescimento da miséria no Brasil.

Na sexta-feira (15), a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou parecer pedindo a rejeição da ADPF. A AGU alega que Bolsonaro tem trabalhado contra a fome mesmo com “limitações orçamentário-financeiras existentes”. “A não concordância com a legislação e regulamentos postos ou com a atuação da Administração Pública não é demonstrar que esta estaria agindo em descumprimento ao ordenamento jurídico vigente”, defendeu a AGU.

Acompanhe no vídeo um percurso por diferentes políticas de combate à fome no Brasil.

Fonte: fanpage Iconografia da História

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