Pensar Piauí

A eleição municipal em Teresina, São Paulo e os desdobramentos para 2022

A eleição municipal em Teresina, São Paulo e os desdobramentos para 2022

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O jornalista Renato Rovai escreveu artigo hoje, na Fórum, onde analisa perspectivas do campo progressista com vistas às eleições do ano que vem na cidade de São Paulo e os desdobramentos disso na disputa de 2022. Disse ele num trecho da matéria: “é uma eleição super importante também pelo impacto que causa em outras cidades do estado e mesmo do país. Mesmo com tudo isso, essa disputa está sendo tratada com desdém pelos partidos do campo progressista.”

Renato não se mostra otimista e conclui: “Não ter um nome progressista forte para disputar a maior capital do país, num momento de grave crise institucional, é um desastre. Mas, pior que isso é não buscar unidade para tentar construir um programa que possa ao fim e ao cabo chegar a este nome. E mais grave ainda é cada partido ficar ser organizando com candidaturas que somadas correm o risco de não fazer 10% dos votos.”

Lendo o artigo do Rovai não tem como não fazer uma alusão a Teresina e o quadro político local, evidentemente, também, pensando no campo popular/progressista do Piauí. E tal qual Rovai, não há otimismo por aqui.

A cidade é dominada a décadas pelo PSDB e não parece que partidos de esquerda farão frente ao projeto dos tucanos ou de partidos assimilados como o PMDB e o de Ciro Nogueira – Progressista (cuidado com a confusão entre a denominação de um campo político e o nome do Partido comandado pelo Senador).

Uma primeira coisa precisa ser dita, PT e PSOL são semelhantes no ideário político. No Congresso e em estados maiores do país conseguem estabelecer um diálogo mínimo e com isso uma atuação conjunta. No Piauí, são extremamente distantes um do outro. Num momento em que a direita brasileira está super organizada, venceu uma eleição presidencial e vai jogar peso na eleição das grandes cidades e capitais em 2020, é impossível pensar em PT/PSOL conversando sobre a sucessão de Teresina.

O PDT e o PSB de Teresina são minúsculos. O deputado Flávio Nogueira, comandante da sigla do Partido que foi de Brizola, hoje, luta para não acontecer consigo o que aconteceu com o, até esta semana, socialista Atila Lira – expulso do PSB.

O PC do B do Piauí ocupa hoje importantes cargos no governo do Estado e não irá contrariar o governador Wellington Dias na formação da chapa de Teresina ano que vem.

E aí resta o PT para ser avaliado. No comando do governo do Piauí a 4 mandatos, sempre com boa votação na capital e com suas maiores lideranças originarias de Teresina, o Partido depois que se tornou governo estadual, vem minguando suas pretensões com relação a Teresina.

Uma das melhores performances do PT em Teresina, data da disputa de 2000. Naquela ocasião, ainda sem ser governo, o PT disputou a capital com a dupla Wellington Dias e Trindade obtendo 99.874 votos.

Em 2004, já no governos Federal e Estadual, com a candidatura Flora Isabel e Pastor Jessivaldo, o Partido ficou em quarto lugar na disputa com ridículos 27.457 votos.

O médico Nazareno Fonteles, foi o cabeça da chapa que trazia ainda Marcos Silva na vice, em 2008, e obteve 100.546 votos

Em 2012, Wellington Dias voltou a ser o nome do PT para prefeito de Teresina numa chapa pura com Cícero Magalhaes de vice. Não passou do terceiro lugar da disputa com 59.470 voto.

Na eleição seguinte o PT abdicou de comandar uma chapa, apoiando o jornalista Amadeu Campo (PTB) e indicando Decio Solano para ser o vice. Amadeu também ficou em terceiro lugar com 28.669 votos.

Indicar um nome para a disputa de Teresina e ir para a eleição com vontade de ganhar é o desafio do momento do PT. Mas não o único.

Com a eleição de Wellington Dias para o governo do Estado em 2002, as eleições municipais do PT dependem hoje muito mais das estratégias políticas do Governador para a manutenção de seu comando, do que de estratégias que o PT municipal venha a traçar com relação às necessidades da cidade.

Noutras palavras, a indicação do nome petista (ou de aliado) para disputar a prefeitura de Teresina, passou e continuará passando pelo Palácio de Karnak.

O governo do Estado não é uma frente de esquerda, pelo contrário. Aqui as forças políticas conversam a partir de outras premissas. Com isso, fica difícil pensar num campo próprio da esquerda para a disputa municipal do ano que vem. Nem fazer o exercício que pretendeu Renato Rovai, com relação a São Paulo, é possível aqui.

O ganho máximo que a esquerda poderia ter, seria o PT ter candidatura própria aliando-se com mais forças de esquerda e fazer uma disputa séria, para ganhar de fato, mas, a vitória de todo não vindo, que o Partido tivesse exposto seu programa para a cidade e lançado lideranças.

É a utopia do momento!

Veja o artigo completo do Renato Rovais: 

https://revistaforum.com.br/blogs/blogdorovai/do-jeito-que-as-coisas-vao-o-campo-progressista-sera-massacrado-na-eleicao-de-sp-e-vai-comprometer-2022/

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