Eleições 2022

A eleição corre risco. Não podemos esperar até outubro

"Estamos numa sinuca...Para sair dela, é preciso agir com amplitude e firmeza", alerta jornalista

  • sábado, 23 de abril de 2022

Foto: DivulgaçãoBolsonaro
Bolsonaro

Por Rodrigo Vianna, jornalista, no 247 - O cachorro louco que ocupa a presidência da República não agiu sozinho ao "perdoar" o deputado arruaceiro. Os sinais são variados, a começar pelas ações do próprio Daniel Silveira. 

Atordoado e acovardado pela ação que já corriado STF, Silveira estava em silêncio há meses, até iniciar nova escalada de provocações: 

- recusou-se a usar tornozeleira;

- acampou no Plenário da Câmara;

- atacou o ministro Alexandre de Moraes na véspera do julgamento.

Ninguém faz isso sem cumplicidade fardada. Da mesma forma, ninguém assina um decreto como este editado por Bolsonaro sem claro aval militar.

O decreto de 2022 segue a trilha do tweet do general Villa Boas em 2018, ao intimidar o STF e barrar Lula na eleição. É o Partido Militar em ação.

O objetivo é mobilizar apoio popular e incentivar ataques físicos ao STF. Se não der certo, o Plano B é manter o impasse entre Judiciário e Executivo, obrigando ação intermediaria via Legislativo, que provavelmente mostrará a maioria do Congresso - dominada por Lira e seus asseclas - alinhada ao fascismo.

A Frente Democratica em torno de Lula deve resistir ao Golpe, defender a Constituição e denunciar ao Mundo a ação golpista do capetão e seus parceiros de farda. Juristas e sociedade devem exigir impeachment do cachorro louco. Ainda que o processo não ande, ele ajuda a mobilizar.

A eleição corre risco. Não podemos esperar até outubro. Brasil talvez precise de um acampamento pela Democracia... 

Mas é importante deixar claro que os democratas vivem um dilema: 

- se não defendermos a Democracia, o capetão avançará no Golpe em câmera lenta;

- se centrarmos toda força na defesa da Democracia, sairemos da pauta da economia...

O partido militar joga bem taticamente... Não é Bolsonaro sozinho, mas a cúpula das Forças Armadas (FFAA).

A reação de Rodrigo Pacheco (correndo pra apoiar o decreto de perdão) indica que a cúpula militar tenta promover um cerco ao STF, cooptando lideranças políticas mais pusilanimes. 

O que Bolsonaro e militares querem é reforçar o discurso de que o "sistema" joga contra a direita. Não devemos cair nessa lógica que só interessa ao capetão.

Hoje, Bolsonaro tem:

- FFAA, Câmara, 35% do eleitorado, boa parte da burguesia de serviços/financeira e a totalidade do agronegócio; 

- os democratas temos STF, parte do Senado,  parcelas minoritárias da burguesia, 45% do eleitorado e uma massa trabalhadora desorganizada pelos anos de caos, desespero e bombardeio lavajatista.

Olhando friamente: nossa melhor chance é ganhar no voto. No combate aberto, no embate de classes e forças por cima e para além da eleição, o capetão e sua horda hoje teriam mais força. 

O drama é que, para garantir a eleição, vamos consumir energias que deveriam ser gastas para mostrar o descalabro econômico do país.

Estamos numa sinuca...

Para sair dela, é preciso agir com amplitude e firmeza, sem menosprezar a capacidade tática do inimigo. 

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