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8 de março: famílias recomeçam com ajuda de populares

8 de março: famílias recomeçam com ajuda de populares

Redes, lençóis, água, gas de cozinha, produtos de higiene, leite e alimentos para crianças são as principais reivindicações dos moradores do Assentamento 8 de março, que há nove dias foi surpreendido com um rápido incêndio que deixou 219 famílias somente com a roupa do corpo e tirou a vida da pequena Eloá, de apenas 1 ano e 8 meses.
A rotina da comunidade foi completamente alterada. O fogo demorou dois dias para apagar. Agora, três galpões de palha centralizam o recebimento de donativos e a preparação da comida para todos os moradores, que se revezam nas atividades de receber as doações, cozinhar, dividir o que chega, e dividir inclusive cadeiras e redes que não tem mais para todos.
As doações vem de todas as partes. De gente simples como o líder comunitário e poeta Luís Carlos, da zona Sudeste, ou "gente importante" como a senadora Regina Sousa (PT-PI). E gente que já viveu a mesma dor, como seu José Estevão, que em 1987 passou pela mesma situação. Morava no bairro Vermelha e tinha 3 filhos. "Trouxe essa ajuda para dizer que Deus faz como se fosse um teste para a gente ver e saber o que é passar por tudo isso", declarou. Todos se encontram, se solidarizam e trazem doações e uma palavra de apoio.
Dona Deuselena da Silva se emociona ao contar o sofrimento da mãe da pequena Eloá, que morreu no incêndio. Dor que ela conhece bem, pois perdeu dois filhos, um de 24 anos e outro de 19. Hoje, com cinco filhos, perdeu tudo. Tinha saído para trabalhar. "Restaram apenas três mudas de roupa e meus filhos, que saíram de casa pouco tempo antes do incêndio começar", conta emocionada.
Mas não só de tristezas vivem o assentamento. Seu Francisco Pereira de Oliveira, de 60 anos, se divide entre a dor de ter perdido tudo e a alegria de fazer o seu primeiro vestibular. No domingo, ele concorreu a uma das vagas de Licenciatura em Educação no Campo pela Universidade Federal do Piauí. Brincando apenas de cueca, o pequeno Francisco nem imaginava que na segunda-feira iria ganhar um bolinho em comemoração aos seus 2 anos, mesmo depois de tudo que foi comprado pelo pai ter sido consumido pelo fogo.
Do outro lado, meninas brincam com as bonecas novas que chegaram. Enquanto os garotos passam o tempo brincando com os pequeno animais. Uma pequeninha de apenas 3 meses vai circulando no colo das moradores sem ter a menor noção de tudo que passa. A vida continua...

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