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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Um discurso para a ONU esquecer

Foto: google imagemBolsonaro fez discurso rancoroso na ONU
Bolsonaro fez discurso rancoroso na ONU

Não foi exatamente uma surpresa o discurso do presidente Jair Bolsonaro, cumprindo a tradição na qual o Brasil é o país que abre oficialmente a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Foi extremista, agressivo e ultrapassado. O que surpreendeu, de certa forma, foi o tom um tanto ríspido, alterado e desafiador de suas palavras, lidas com arrogância, prepotência e irritação. No entanto, foi ainda mais lamentável, decepcionante e preocupante do que se esperava.

A performance do presidente, como chefe de estado a abrir a Assembleia Geral da ONU, foi ainda mais afrontosa do que a média de suas declarações feitas quase todos os dias à imprensa nacional. Estupefação geral. Um verdadeiro espanto! Ficou evidente que Bolsonaro e os assessores que redigiram o texto lido no plenário da ONU – incluindo o norte-americano Steve Bannon, uma espécie de ideólogo do neofascismo mundial, da ultradireita internacional – cometeram erro crasso de avaliação.

Esse pronunciamento, é óbvio, foi direcionado para sua claque bolsonarista, dentro do País, aquela parcela da população preconceituosa, idiotizada e fanatizada por Bolsonaro, que hoje talvez conte com o apoio populacional de algo em torno de 15% ou menos. Como as pesquisas vêm apontando queda sobre queda em sua popularidade e na aprovação de seu governo, é muito provável que o presidente continue sendo desidratado, perdendo suporte político em rápida velocidade. Boa parte de quem votou nele já se arrependeu.

Derrocada em grande estilo

O esvaziamento de Bolsonaro não é perceptível apenas nas conversas de botequim, com o motorista de uber, nos ambientes de trabalho ou paradas de ônibus. As pesquisas estão mostrando essa decadência, cujo viés é exatamente de queda. O presidente caiu muito desde que assumiu o cargo, continua e vai permanecer caindo, a não ser que aconteça algo muito inusitado, uma reviravolta político-administrativa de 180 graus, o que é improvável. E o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU contribuiu em muito para sua derrocada.

Ao atacar a própria ONU e nações como a Alemanha e França, cujos respectivos líderes Angela Merkel e Emmanuel Macron estavam presentes, fisicamente, no plenário das Nações Unidas, para assistir o discurso brasileiro, Bolsonaro conseguiu se isolar ainda mais, causando repulsa, perplexidade e tensão. Antes disso, ele já havia explodido com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia, para atender os interesses do presidente dos EUA, Donald Trump, que parece ter ganho uma nova e gigante colônia de presente.

Em troca do acordo com os europeus, o nada, dos EUA, nenhuma contrapartida, a não ser abrir o Brasil para empresas americanas em áreas como construção civil, comunicações, bancos, etc. O bolsonarista veio com ataques veementes ào socialismo, a Venezuela e Cuba, e o velho, porém falso, chavão da soberania nacional, que não passa de demagocia de quinta. Travestido de verde-amerelo, Bolsonaro bate continência para a bandeira dos EUA. Seu governo é entreguista e não vai proteger a amazônia. Mas a ONU agora tem essa certeza.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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