Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Somos todos Altos

Foto: DivulgaçãoAltos x Flamengo
Altos x Flamengo

 

Passada a euforia dos torcedores, depois de sorteado o próximo adversário do time do Altos na Copa do Brasil, o Flamengo-RJ (vice-campeão carioca), um misto de alegria e orgulho se espalhou nas opiniões dos torcedores piauienses, e de fora do estado, pois a repercussão é nacional e internacional.

Por um lado, a dupla felicidade dos flamenguistas se justifica: 1) poder rever o esquadrão rubro-negro carioca, pois a última partida oficial do Flamengo, no Piauí, foi em 2005, contra o River-PI, pela Copa do Brasil; 2) o retrospecto é favorável, pois em 12 Jogos são 8 vitórias (67%), 3 empates (25%) e 1 derrota (8%) – Campeonato Brasileiro (1975), Tiradentes 3 x 2 Flamengo –. Além disso, tem 23 gols prós, 10 gols contra e a maior torcida do Brasil.

Por outro lado, o sentimento de orgulho dos piauienses se veste de esmeraldino: a Associação Atlética de Altos, cujo mascote é o jacaré. Um time de futebol amador, que enfrentou muitos desafios e descréditos localizados até se profissionalizar em 2015, através da persistência e determinação do seu presidente Warton Lacerda. Para se ter uma ideia, no primeiro treino tinham duas bolas usadas e um campo de gramado precário no estádio municipal – hoje, indisponibilizado ao clube para treinos e jogos, por questões menores da política local, proibindo o seu torcedor de incentivar de perto o time de Altos.

Atualmente, entre os piauienses que, de fato, amam o futebol, o time do Altos é o maior orgulho não somente dos altoenses – filhos da “terra da manga”, mas de todos os torcedores do Piauí – “terra querida”. O “jacaré” esmeraldino jogará pelas oitavas da Copa do Brasil, podendo fazer história se classificando para a próxima fase da competição. O Altos é Tricampeão piauiense, disputou várias Copas do Nordeste e está na Série C do Campeonato Brasileiro (2022). Atualmente, o time está na posição 66º no ranking dos melhores times do país, que é uma classificação técnica da CBF.

Mesmo considerando a tradição rubro-negra e a diferença técnica entre os times, a classificação do Altos é difícil, mas não impossível, pois “(...) o time quer, o estado precisa e o presidente gosta de futebol”. Nesse sentido, somos todos Altos, na medida em que o futebol piauiense precisa recuperar a autoestima e o interesse do público, para atrair novos torcedores, os investimentos privados e os dirigentes inovadores.

Somos todos Altos para animar os torcedores, reavivar o futebol no estado, motivar os jogadores, fomentar o esporte entre os jovens, fortalecer a identidade piauiense, exigir a reestruturação do estádio, dar visibilidade ao estado e incitar o surgimento de novos gestores de futebol comprometidos com a qualidade.

O time de Altos traz orgulho aos futebolistas piauienses, não somente por ter passado de fase e enfrentar o vice-campeão carioca, mas para servir como exemplo de que uma gestão de futebol de qualidade se faz com competência, determinação e muita paixão pelo ofício.

Somos todos Altos para elevar o futebol piauiense, despertar novos atletas nas bases, qualificar os clubes locais, mobilizar os torcedores, aperfeiçoar as gestões, profissionalizar a Federação de Futebol, valorizar a crônica esportiva, atrair a iniciativa privada para o esporte, estabelecer parceria com universidades e faculdades, articular o futebol amador com os clubes profissionais e instar uma política público de fomento futebolístico no estado do Piauí.

Pena que, há décadas o estádio Albertão sofre com avarias por falta de cuidados estruturais, o que restringirá a capacidade de público em um jogo que levaria facilmente até 40 mil torcedores. A situação requer uma nova mentalidade na gestão do futebol, a exemplo do time de Altos, apesar da torcida do contra.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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