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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Pobre Brasil, tão perto dos EUA, tão longe de Deus!

Foto: google imagensPaulo Guedes quer resolver economia com AI-5
Paulo Guedes quer resolver economia com AI-5

Mais uma “brilhante” contribuição do governo Bolsonaro e sua trupe, para o desenvolvimento e a democracia no Brasil. Como se não bastasse o circo de horrores que a população vem assistindo desde a posse do presidente Jair Bolsonaro. Com a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, em defesa da reedição de um novo Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais terrível decreto emitido pela ditadura militar, o dólar disparou. Guedes gerou mais instabilidade política, insegurança jurídica e, portanto, afugentou investidores.

Ficou ainda mais difícil produzir algum resultado positivo da política econômica do atual governo, cuja agenda neoliberal ou ultraliberal petrifica a economia e deteriora as condições de vida dos brasileiros. O apoplético ministro foi além do imaginado. Ele conseguiu essa proeza, em território norte-americano, ao reagir às provocações dos jornalistas sobre provável explosão de manifestações populares em protesto contra o governo. A situação de Guedes só não é pior porque o desastre de suas reformas ainda não foi sentido por completo.

Vai levar algum tempo para a sociedade começar a protestar, de maneira mais contundente, contra os efeitos perversos das reformas trabalhista e previdenciária. Por enquanto, os cidadãos e cidadãs não protagonizaram atos semelhantes aos existentes no Chile, fracassado modelo seguido cegamente pelo ministro. Mas a capacidade de suportar tamanha incompetência e irresponsabilidade deste governo não deve durar muito tempo. E, mais uma vez, o Palácio do Planalto sabe disso, e se articula para endurecer o regime.

Balão de ensaio da ditadura

Seus porta-vozes estão repetindo a ideia da instauração de algo semelhante ao AI-5 como resposta ao descontentamento popular. Logo em seguida pedem desculpas, fazem uma retratação tosca, sem qualquer consistência, totalmente não convincente, ou seja, ensaiam uma ruptura institucional no País ou autogolpe. Só que, ao destruir a democracia como remédio para reprimir os manifestantes, o próprio governo fica em xeque. Eles sequer foram às ruas, mas o comportamento tresloucado de Brasília ligou o alerta amarelo do mercado. 

A essa altura nem mesmo a iniciativa privada quer mais negócio com o bolsonarismo. Isso foi verificado no leilão do pré-sal, que fracassou de forma retumbante, já que poucas petroleiras apareceram. Outro segmento que também ficou pouco atraente é o da aviação comercial, que já deveria ter ganho um impulso. Porém, mesmo com a abertura do mercado para empresas de capital externo, nada aconteceu. Significa que nenhuma estrangeira se interessou em explorar o combalido mercado aeronáutico, que passa por dificuldades.

Depois da patética declaração de Guedes, jogou-se uma pá de cal na política econômica do governo Bolsonaro, incapaz de promover o desenvolvimento, gerar empregos, enfim, governar o Brasil. Toda a economia está em modo “avião”, offline, deve crescer menos de 1% neste ano. O patamar dos 13 milhões de desempregados vai perdurar. Outros 30 milhões continuarão no limbo da informalidade, até porque não existem mais direitos trabalhistas, nem aposentadorias. Então, o “remédio” será o AI-5 ou excludente de ilicitude.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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