Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Os inimigos do povo vão além da letalidade do vírus pandêmico

Foto: InternetTão inimigos quanto o coronavírus
Tão inimigos quanto o coronavírus

 


Empiricamente, tem-se ouvido nos meios sociais e midiáticos que existe um inimigo do povo: o CODVID-19. Não há dúvidas do seu potencial de letalidade na população mundial e da exigência de cuidados preventivos como forma de enfrentamento à pandemia. Porém, também, deve haver outros inimigos disfarçados de “amigo do povo” se utilizando do sofrimento da população. Assim, os inimigos do povo parecem ir além da letalidade do vírus pandêmico.

Por exemplo, o que dizer da verborragia e dos discípulos do filósofo de twitter; dos discursos de ódio; dos exploradores da desgraça alheia; dos gestores que endividam o erário; dos colaboradores lambe-botas; dos pastores ladrões de almas; da ganância dos empresários egoístas  e dos falsos líderes que relativizam o isolamento social contra a pandemia do novo coronavírus, reificando a economia sobre a saúde? Será um “amigo do povo” aquele que usa o populismo de direita para chamar o coronavírus de ‘gripezinha’? É “amigo do povo” quem defende uma política pública de genocídio coletivo, colocando em risco a saúde pública?

Na primeira quinzena de abril, a pandemia de coronavírus matou mais de 2 milhões de pessoas no mundo – sem considerar as subnotificações. A sua letalidade é inquestionável, portanto, um inimigo declarado do povo, ainda mais quando se tem uma população de analfabetos sanitaristas guiados por líderes que arriscam vidas minimizando os efeitos mortais da pandemia mundial de coronavírus – COVID-19.

Por exemplo, as discordâncias públicas entre o presidente e o ministro da Saúde, revela o baixo nível de organização administrativa e as más condutas de quem se acha um líder. Enquanto milhares de brasileiros morrem de inanição por falta de uma política pública de assistência social, outros milhares são vítimas do aumento de casos nas últimas semanas e o baixo índice de respeito ao isolamento social no país durante o feriado da Páscoa, atribuídos, em parte, à retórica do pseudolíder político nacional.

Em alguns estados e municípios, a pandemia mundial de coronavírus, ganhou contornos dramáticos, revelando os interesses políticos, religiosos e capitalistas distantes da realidade das populações locais. A pandemia de COVID-19 tem colocado milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade, em função, principalmente, da falta de responsabilidade administrativa de muitos gestores, de representantes parlamentares omissos e oportunistas.

Nesse sentido, a coisa inimiga do povo vai muito além dos efeitos da pandemia mundial de coronavírus. Ela se mostra na ausência de transparência administrativa e no modus operandi de gestões fraudulentas e predatórias do erário e das vidas alheias. A pandemia tem, também, funcionado como uma lupa para vermos o falso patriotismo em muitos nos “podres poderes” nacionais. Neles, o sentimento de orgulho, amor, devolução e devoção à pátria, aos seus símbolos e, principalmente, ao seu povo parece-lhes menos importantes do que os próprios interesses. Assim, a atuação individualista de muitos demonstra que não há amor de quererem servir ao seu país e serem solidários com os seus compatriotas.

A pressão empresarial é outro elemento na dramaticidade que envolve a pandemia de coronavírus. De certa forma, a desorganização administrativa, os discursos anticientíficos e a pressão de empresários fazem parte de uma manobra política de forçar a população a romper com o isolamento social para satisfazer a ganância capitalista em detrimento da saúde coletiva. Portanto, a coisa inimiga, que tem usado os efeitos da pandemia, também maltrata e mata.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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