Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Oportunismo pandêmico

Foto: The InterceptBolsonaro e Weintraub
Bolsonaro e Weintraub

 

Além de estar completamente perdido na administração do país, o “presidente” do Brasil se caracteriza por sabotar a saúde pública, praticar a “velha política”, criar o “gabinete do ódio” com fake news, apoiar a volta do AI-5, o fim do Congresso e do STF, atacar os governadores e prefeitos, bem como os profissionais de saúde, que mantém o isolamento social e cumprem as medidas sanitárias sugeridas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Assim, pela arrogância e a falta de experiência, tem-se um governo goro de caráter autoritário e de postura genocida que, em plena pandemia de coronavírus – onde Brasil já ultrapassou os 40 mil mortos –, insiste deliberadamente no seu plano sórdido de desmonte institucional, objetivando a instauração de um governo fascista e totalitário, pintado de falso nacionalismo e guiado pela ignorância.

Por que tanto para tirar o PT e fazer o mais do mesmo? Pois, se aproveitando da situação de pandemia no país, o “presidente” do Brasil publicou uma Medida Provisória (MP 979/2020) que dá poder ao Ministério da Educação Abraham Weintraub, para nomear reitores pro tempore para Universidades Federais, Institutos Federais e o Colégio Pedro II. Ou seja, durante a pandemia do novo coronavírus, a trupe palaciana ignora a dor das famílias brasileiras, em nome de um projeto de poder ilimitado.

Por um lado, a intenção por trás da possibilidade de nomear reitores e vice-reitores das Universidades, Institutos Federais e do Colégio Pedro II, sem consulta à comunidade acadêmica, é, definitivamente, assaltar a autonomia das instituições.

Trata-se da cruzada ideológica do “presidente” do Brasil, pensada no “gabinete do ódio”, para se aproveitar das mortes na pandemia de COVID-19, para agir nas sombras – conforme sugeriu o ministro do meio ambiente –, contra a educação do país. Isto é, mesmo com todas as declarações estapafúrdias e injuriosas feitas pelo ministro Abraham Weintraub contra a educação, o “presidente” negacionista do Brasil faz mais um ataque oportunista à autonomia institucional. A MP 979/2020 é a segunda tentativa do Poder Executivo de mudar as regras para escolha de reitores de Universidades e Institutos Federais e do Colégio Dom Pedro II (a primeira foi a MP 914/2019).

Com base numa visão tacanha, o ministro da educação estimula a volta às aulas, sem conhecer as realidades do país e a estrutura de ensino, pesquisa e extensão nas Instituições Federais. Ao invés de apresentar um plano proativo de atuação nacional no âmbito da educação no Brasil, Abraham Weintraub prefere a subserviência de homem mirrado à serviço do desmonte ideológico das instituições de ensino.

O fator mais óbvio da intenção da MP 979/2020 é que, além de dispensar a consulta à comunidade, desobriga a formação de lista tríplice para a escolha de reitores e vice-reitores durante a pandemia – isto é, um verdadeiro oportunismo pandêmico. Pois, os futuros dirigentes designados pelo “ministro” da Educação terão a função política de interventor (decorativo), para realizarem o aparelhamento das instituições de ensino. Aqueles deverão atuar enquanto durar o período da emergência de saúde pública, mas os mandatos podem se estender “pelo período necessário para realizar a consulta à comunidade”, até a nomeação dos novos dirigentes. Aqui mora o perigo dessa “MP fascista”.

A MP 979/2020 é um retrocesso político, nega a participação da comunidade universitária. É uma ação fascista, autoritário, antidemocrática e, sobretudo, inconstitucional (art. 207/CF-88), que fere as instituições de ensino e mostra a temeridade que representa o “presidente” do Brasil e os seus asseclas, com ataques deliberados e atrozes.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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