Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

O papel do professor

Foto: DivulgaçãoProfessor
Professor

Partindo do pressuposto legal de que a “educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (LDB, art. 1º, 1996), o papel do professor no pós-pandemia deverá ser ressignificado, sob pena de se distanciar, ainda mais, da dinâmica da sociedade.

Pois, a pandemia produziu, dentre outros aspectos, a quebra de paradigma na educação, substituindo o ensino presencial, devido ao fechamento das escolas, para o ensino remoto e o híbrido. Nesse contexto, os desafios para a escola são latentes e complexos, principalmente com a volta às aulas presenciais. Isso exigirá que o professor incorpore os aplicativos e as ferramentas digitais às aulas, articulando as ações escolares para a implantação da cultura digital.

Assim, a ressignificação do papel do professor deverá ir além de uma educação para “passar no ENEM”, ou seja, desde a educação básica - educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – se exigirá uma preparação do estudante para a vida em sociedade, dentro de valores éticos e morais positivos, para o mercado de trabalho, reconhecendo a visão de mundo de uma geração conectada e potencialmente capaz.

Na educação, a cultura digital implica pensar e agir de forma articulada e pautada na solução dos problemas, através de metodologias e habilidades tecnológicas. Logo, o papel do professor diante de uma realidade cada dia mais digital, com ferramentas integradas, inteligência artificial e internet, não pode negligenciar o uso das tecnologias como meio para aprimorar o ensino e o aprendizado. Isso implica em inserir a transformação sociodigital no ambiente escolar - inclusivo e democrático.

Nessa perspectiva, dever-se-á exigir mais da formação continuada dos profissionais da educação e da função social da escola, para promoverem o uso das ferramentas tecnológicas não só para consumir conteúdos, mas, também, para produzir conhecimentos, novas formas de ensino e aprendizagens, perpassando a capacidade criativa dos sujeitos em formação. 

A ressignificação do papel do professor e da função da escola passam, também, por uma transformação no gerenciamento e na política de educação, pois uma gestão pública alheia a realidade sociodigital gera atrasos no desenvolvimento socioeducacional. Pois, quando a educação não é prioridade de Estado, os profissionais da educação são tratados como eleitores em véspera de eleição, os estudantes são números para o FUNDEB e as famílias são apêndices eleitorais para programas sociais.

Portanto, é fundamental que na utilização das tecnologias na educação haja uma intencionalidade pedagógica, ou seja, o uso do tablet, celular ou notebook não pode ser uma simples transposição do livro físico, sem ressignificar o papel do professor, da escola e do estudante, sem explorar as diferentes habilidades no contexto da cultura digital. E, assim, se evite o acúmulo de informações inúteis, em prol do debate, da reflexão e da construção de conhecimentos que façam sentido ao mundo pós-pandemia.

Segundo Paulo Freire (1921-1997), o papel do professor é estabelecer relações dialógicas com o ensino, os estudantes e a aprendizagem, através de um encontro democrático e afetivo. No “novo mundo”, o papel do professor é de mediador do conhecimento, que estuda, planeja, acompanha e orienta o estudante no próprio processo de aprendizagem e, acima de tudo, não é analfabeto político.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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