Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

O novo ensino médio

Foto: R7Novo ensino médio
Novo ensino médio

 

O Ensino Médio é a última fase da escolarização na Educação Básica brasileira, com duração de três anos, cujo objetivo principal é aperfeiçoar os conhecimentos obtidos pelos estudantes no Ensino Fundamental, bem como prepará-los para o “mundo fora da escola”: o mercado de trabalho. O Ensino Fundamental é o ciclo mais longo do Ensino Básico, tendo nove anos de duração para estudantes de 6 a 14 anos de idade e é subdividida em dois ciclos: Anos Iniciais, também conhecido como “Ensino Fundamental 1”, e Anos Finais, o antigo “Ensino Fundamental 2”.

A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura do ensino médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000 horas anuais (até 2022) e definindo uma nova organização curricular. A nova Lei do Ensino Médio flexibilizou o currículo, contemplando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e uma oferta de diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes: os Itinerários Formativos, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional.

O Novo Ensino Médio começará a ser implementado gradualmente a partir de 2022, onde dentre os objetivos está o de garantir a oferta de educação de qualidade aos jovens brasileiros e de aproximar as escolas à realidade dos estudantes do século XXI, considerando as novas demandas e complexidades do mundo do trabalho e da vida em sociedade.

A ideia central é preparar os jovens para ingressar imediatamente numa profissão (fazendo a união entre ensino médio e técnico) ou conseguir uma vaga numa Universidade. Mas, a questão da oferta de ensino técnico pode diminuir ainda mais as chances dos estudantes mais pobres de frequentarem cursos de ensino superior, sendo seduzidos pelo tecnicismo. Bem como, não enfrenta as causas do desempenho fraco no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), a alta evasão escolar e os milhares de jovens fora da escola.

O novo Ensino Médio propõe formar o jovem para o exercício da cidadania, com valores éticos e humanos. Trata-se de um modelo totalmente flexível e diversificado, cujo objetivo final é atingir a educação integral. Porém, se concentrando mais na preparação técnica dos jovens para o mundo “fora da escola”. Para isso, servirão os itinerários formativos – parte flexível do currículo que permitirá aos estudantes aprofundar os conhecimentos em uma ou mais áreas de seu interesse.

A ideia é que ao percorrer os Itinerários Formativos, o estudante seja estimulado a continuar os estudos e/ou a se preparar para uma atuação qualificada no mercado de trabalho, atrelada a uma possível emancipação dos sujeitos. Os Itinerários Formativos, que não possuem competências específicas definidas na BNCC, servirão para o aprofundamento das aprendizagens previstas no Ensino Básico, considerando a relação com as 10 competências gerais na BNCC.

 Nesse contexto, o maior desafio na restruturação curricular do Ensino Médio foram os Itinerários Formativos, para uma construção na perspectiva da interdisciplinaridade - “por área e entre áreas” - que demanda maior parte da carga horária dentro das 1.200h.

Para atingirem as finalidades do novo Ensino Médio, os documentos curriculares terão que assegurar: a) a flexibilidade e fomento ao protagonismo juvenil; b) diálogo com a BNCC e os documentos norteadores; c) diálogo entre as trilhas de aprofundamento e o Ensino Superior; d) escuta de estudantes e professores e) os diversos perfis de juventude; f) os Itinerários Formativos, envolvendo duas áreas do conhecimento.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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