Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

O lapuz de falácias

Foto: Extra ClasseMinistro da Educação ?
Ministro da Educação ?

 

Recentemente, para saciar a sede de ignorância dos seus prosélitos, o dissoluto “ministro” da Educação do Brasil disse que "não quer mais" – como se tivesse arbítrio científico – sociólogos, antropólogos e filósofos – como se soubesse o significado de sê-los – com "o seu dinheiro" – como se o fosse a própria casa da moeda –, ou com recursos vindos de impostos – como se aqueles fossem privados e alheios ao interesse público.

O fato óbvio é que, a nescidade que envolve o “ministro” não lhe permite alcançar uma consciência de si capaz de demovê-lo do pedestal de falso expert da ciência e de experiente gestor público em educação. Todavia, compreende-se que em desgovernos, a virtuosidade não é uma credencial ou critério meritocrático para se está “ministro” de Estado.

Circunvalado pelos seus aderentes de candidez, o “ministro” defende que o dinheiro público seja usado para mais médicos, enfermeiros, engenheiros e dentistas, em detrimento da formação de sociólogos, antropólogos e filósofos. Comportando-se como um apedeuta da ciência, ele e seus adeptos apalermados desconhecem a relevância científica da relação interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar entre as diversas áreas do saber, para uma formação acadêmica, humanística, consistente e significativa.

Hoje, no governo negacionista do Brasil, temos um “ministro” da educação de caráter lapuz que, através de um esforço cognitivo hercúleo compreende que a formação dos profissionais de saúde e da Engenharia é prioridade e deve se resumir ao tecnicismo dentro da técnica, prescindindo dos saberes sociológico, antropológico e filosófico.

Por excesso de néscio e a falta de decoro do cargo, temos um anticiência que instiga o ódio de classe, adere aos movimentos políticos fundamentalistas, deturpando a noção de liberdade de expressão, garantida pela Constituição de 1988, principalmente o inciso IV – a livre manifestação do pensamento.

A priori, como um desconhecedor dos pressupostos epistemológicos das ciências – sociais e naturais – e um negacionista bocório da educação, o “senhor lapuz”  pretere a formação de sociólogos, antropólogos e filósofos por dois motivos: 1)  a bisonhice inata de não saber os papéis sociais dos profissionais e, principalmente, 2) a possibilidade que as ciências sociais dá para se construir uma visão crítica da realidade do país.

Evidentemente que, tudo que um governo negacionista de ideologia fascista e autoritário quer é evitar que o povo faça o desmascaramento moral, social, político, cultural e filosófico, que subjaz a falta de debate político amplo e irrestrito sobre o plano governamental de usar o ódio para dividir a sociedade e o desejo inconfidente de destruir a fragmentada democracia à brasileira.

Entende-se, assim, que o desprezo do “senhor lapuz” para a importância dos profissionais das ciências sociais vem de sua debilidade acadêmica e da falta de compromisso com o desenvolvimento da educação no país. As suas falácias moldam o caráter e mascaram a ausência de qualificação para o cargo de gestor. Ele faz parte do rol dos que ignoram o papel dos sociólogos, dos antropólogos e dos filósofos como mediadores do conhecimento, que permite a elaboração de uma visão crítica da realidade.

Portanto, trata-se de um equívoco desmedido de inteligência considerar como verossímil a falácia desalentada de um torpe “ministro lapuz”, que se porta como subserviente de um desgoverno apoiado em ataques às instituições do Estado Democrático de Direito e à sapiência. Logo, tratá-lo como demente ou insano é uma ofensa morfossintaxe e um elogio aos maus costumes humanos, cuja ética e a moral renegam, restando-lhes a demissão e a reprovação pública, como uma forma de boletim escolar.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS