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Jornalista

Sérgio Fontenele

Jornalista

O estreitamento das relações entre Nordeste e China

Foto: google imagemGovernador Wellington Dias
Governador Wellington Dias

O jornal Folha de São Paulo estampou inquietante e interessante reportagem destacando a parceria econômica e tecnológica, portanto, estratégica, envolvendo a China e o Consórcio Nordeste, que, evidentemente, é composto por todos os governadores dos nove estados nordestinos. Isso acontece em meio à guerra comercial – e por trás dela a disputa pela hegemonia global, em todos os sentidos – entre EUA e os chineses, que estendem de vez seu campo de batalha no Brasil.

Fica, portanto, cada vez mais claro o caráter explosivo da parceria Nordeste/China, em território brasileiro, onde o governo Bolsonaro se submente à política de alinhamento total aos interesses norte-americanos, que pretendem banir a presença asiática na forma de investimentos bilionários no País. Em especial, no Nordeste, onde todos os governadores são ligados a partidos de esquerda, frontalmente de oposição ao bolsonarismo, que, por sua vez, tem implementado, deliberadamente, políticas em prejuízo dos nordestinos.

A conexão entre o Nordeste e os chineses desmoraliza Bolsonaro e promete se constituir em mais pólvora para a conflitada situação de polarização política envolvendo a extrema-direita nacional, representada pelos bolsonaristas, e a esquerda, que não aceita a submissão do País aos yankees. Mais do que isso, mais do que uma motivação político-ideológica, os governadores do Nordeste buscam a China, porque é quem oferece à região a possibilidade de receber investimentos infraestruturais importantíssimos para o desenvolvimento regional.

Pano pra manga

Isso inclui a geração de emprego e renda para a população mais atingida pelo altíssimo nível de desemprego e atual quadro recessivo ou pré-recessivo da economia. Tal aspecto fortalece a posição dos governadores, que não podem ser enquadrados como inimigos do poder central, que é, é claro, submisso aos interesses do presidente Donald Trump, que deve se transformar numa espécie de D. João VI dos tempos atuais. O topetudo será o novo colonizador do Brasil, em provável ou aparente trajetória para virar colônia yankee?

O que se prevê é mais tensão interna e externa, no palco tupiniquim do duelo de titãs globais, cujas consequências de sua escalada belicista, pela hegemonia planetária, são imprevisíveis. Trump declara dispor possibilidades de parceria comercial privilegiada com o País, porém, nada de concreto foi oferecido pelos norte-americanos, a não ser o suposto “acordo” em torno da Base de Alcântara. Ela passaria ao controle dos EUA, sem qualquer contrapartida em termos de transferência tecnológica em benefício do Programa Espacial Brasileiro (PEB).

Do outro lado, a China, através das empresas de tecnologia Huawei, ZTE, Dahua e Hikvision, todas sob algum tipo de embargo, sob acusação de representarem ameaça à segurança nacional yankee, estão negociando serviços e produtos no Nordeste. Esse intercâmbio nunca foi tão intenso, o que inclui, neste ano, a ida das comitivas de quatro governadores ao território chinês – entre eles, o governador Wellington Dias –, para fechar negócios em áreas como segurança, energia solar e eólica, informática, etc. Isso ainda vai dar muito pano pra manga.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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