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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Líder das oposições, Lula faz duro discurso ao Brasil

Foto: google imagensLivre, Lula dá um recado forte para o País
Livre, Lula dá um recado forte para o País

O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi de fato contundente, ao denunciar as supostas relações do presidente Jair Bolsonaro e seu clã com a milícia do Rio de Janeiro. O norte foi dado em São Bernardo do Campo (SP), na tarde do sábado (09-11), quando retornou a sua casa, depois de 580 dias de cárcere. A prisão política, ilegal, obscena, do ex-presidente havia terminado, após a decisão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF), proclamada na quinta-feira (07-11), que restabeleceu o ordenamento jurídico brasileiro.

Além disso, mesmo dividido, o STF agiu de modo a preservar a Constituição Federal, alvo de ataques constantes desde o começo da Operação Lava Jato. As ações da força-tarefa se tornaram no mínimo suspeitas, senão evidentes, de ilegalidade, entre prisões preventivas, conduções coercitivas, delações premiadas, etc. A revelação do submundo da Lava Jato, por parte do site The Intercept-Brasil, comprovaram o oceano de arbitrariedades, vedadas pela Constituição Federal, pelos códigos de Processo Penal, Ética da Magistratura…

A libertação de Lula é simbólica no sentido de que o estado democrático de direito foi fortalecido, diante da escalada autoritária promovida por quem hoje detém o poder central. No mesmo local, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde começou sua trajetória como líder nacional, Lula voltou a falar ao Brasil. Um dos maiores e mais importantes presidentes da história, senão o maior, imprimiu um discurso que expõe o governo Bolsonaro, inclusive a situação insustentável do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

A gravidade das implicações

O ex-presidente não só assume a posição de líder e catalisador das oposições, mas indica que, com sua presença, suas palavras, ações, sua capacidade de diálogo com o Centro, as esquerdas saem fortalecidas. O ex-presidente, mesmo que ainda impactado emocionalmente com todas as injustiças e perseguições sofridas, alertou a sociedade para os significados de um governo cujo núcleo central teria relações com a milícia carioca. E aí, o País precisa saber se há ou houve tais relações, e em caso confirmado que tipo de relações são essas.

Ao apontar as supostas ligações do clã Bolsonaro com os milicianos, Lula, livre, agora retomando sua condição natural de protagonista das oposições, atinge em seu ponto mais fraco o Palácio do Planalto. Ele tem razão ao fazê-lo, pois uma democracia como a brasileira, da dimensão que tem, para o mundo, não pode permitir que essas suspeitas perdurem e não sejam observadas. É preciso apurá-las, para esclarecê-las, de modo a fazer o que deve ser feito pelas instituições, na forma da lei. E isso ficou bem claro no discurso triunfal do petista.

No mesmo local, de onde partiu para seu cárcere político, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente não questionou as eleições de 2018, embora haja evidências de que foram manipuladas. Ao fazê-lo, sinaliza que sua atuação continuará pautada de maneira a fortalecer a democracia. Mas não deixou de chamar a atenção para o imperativo de que Jair Bolsonaro foi eleito para governar o Brasil, em benefício de toda a nação, sobretudo as classes menos favorecidas. Qualquer coisa diferente disso deve ser combatida, democraticamente.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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