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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Lava-Jato: um desastre revelado e agora reconhecido

Foto: Google ImagensLavajateiros
Lavajateiros

Há uma considerável probabilidade de a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lava-Jato não passar do abaixo-assinado, já que são grandes as pressões dos bolsonaristas no sentido de que não seja instalada. Pode ser que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rejeite o pedido da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), no sentido de instalar a CPI, mas o impensável até pouquíssimo tempo, o mais difícil, já se conseguiu, ou seja, as assinaturas de 175 deputados federais para tanto.

Isso por si só demonstra o quanto a famigerada Operação Lava-Jato está fragilizada, a cada dia mais desmoralizada, desmascarada, depois do início da série de reportagens do site The Intercept Brasil, revelando os subterrâneos da força-tarefa e suas fraudes processuais, sua parcialidade, lawfare, seu partidarismo. Com a divulgação das trocas de mensagens, em grupos de magistrados, procuradores e policiais federais, no aplicativo Telegram, ficou comprovado o que já se sabia: toda a implacável perseguição contra o PT e o ex-presidente Lula.

Nas gravações e mensagens trocadas entre o então juiz federal Sérgio Moro e o procurador federal Deltan Dallagnol e outros procuradores federais da força-tarefa, em Curitiba (PR), São Paulo e Brasília (DF), as evidências de uma sucessão de crimes, como o abuso de autoridade. Tudo perpetrado em nome do combate à corrupção. Como a própria Jandira Feghali observou, a Lava-Jato está realmente enrolada com gravíssimas denúncias de quebra da Constituição Federal de 1988, violação do estado democrático de direito, etc.

A ruína da operação

Ainda que o presidente da Câmara dos Deputados não instale a CPI da Lava-Jato, o desfecho histórico previsto, a ser materializado, é o que se refere à ruína da operação e consequentemente de seus orgulhosos protagonistas, movidos pelo ódio como motivação de ações político-ideológicas. Ficou também patente o desprezo à Constituição e a leis como o Código de Processo Penal, substituídas por doutrinas alienígenas. É o caso da teoria do domínio do fato, empregada pelo próprio Supremo Tribunal Federal (STF), no episódio do mensalão.

Isso sem mencionar, digamos, a inspiração ou orientação do Departamento de Justiça dos EUA, que treinou, durante anos, Moro, Dallagnol e outros personagens da força-tarefa. Eles haviam conseguido, graças ao apoio incondicional da Rede Globo e dos veículos da grande mídia, fazer prevalecer a narrativa de que Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff, deposta através de um golpe, e o PT integravam a maior organização criminosa da história política brasileira. Mas esse castelo de cartas caiu ou está por um fio.

Desde que entrou em cena o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, ganhador do Prêmio Pulitzer, essa narrativa foi relegada ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Trocando em miúdos, deve mesmo se sobressair a versão, sempre sustentada pela defesa de Lula, pelo PT, pelas esquerdas, por uma série de juristas renomados e grande parte da população, de que a Lava-Jato é um instrumento de perseguição político-partidária. Ademais, se trata de um capítulo da destruição de setores importantes da indústria nacional, é bom lembrar.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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