Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Insanidade moral

Foto: InternetJair Bolsonaro
Jair Bolsonaro

Desde a campanha presidencial já se percebia, no descompassa entre os discursos e os gestos, que o presidente eleito por milhões de brasileiros - Jair Bolsonaro (sem partido) – não é doido nem leviano, insensível ao sofrimento do outro, não é estadista nem líder  político, não é mito e age de forma metódica – desvirtua os fatos, manipula a opinião pública, distorce a realidade – sofre de diarreia mental, conspira contra a democracia e às Instituições no Brasil.

Segundo a jornalista Ruth Aquino no texto “Psicopatia” (O Globo, 2020), “pelos estudos da psiquiatria inglesa no século XIX, Bolsonaro “é perverso, ao estimular um comportamento de altíssimo risco [...], e se encaixaria em outra categoria: a dos psicopatas” (do grego, psyché, alma, e pathos, enfermidade). Conforme a psiquiatria, “a psicopatia não é uma loucura no sentido clássico, mas uma insanidade moral, um desvio de caráter de quem não tem como se retificar porque não sente culpa ou remorso”. É um espelho da ignorância.

Em meio a pandemia mundial de coronavírus, o presidente do Brasil diz defender a saúde do povo agindo como um negacionista das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a psicanálise, os psicopatas são sádicos que, “autocentrados, agem com frieza e método. [...] Não têm empatia em relação ao outro, o que lhes interessa é o que lhes convém”. Isto se coaduna com as concepções de Henderson (1947), para quem o psicopata é um antissocial e incorrigível, e às de Cleckley (I950), que acentua a incapacidade de criar laços afetivos.

Politicamente, o presidente do Brasil foi eleito com o discurso de paladino anticorrupção, mas conjura a democracia e as Instituições, instilando os movimentos separatistas, de ódio e as manifestações antidemocráticas. Ele blefa que tem o poder, quando chegou somente ao governo. Assim, ele se comporta, tipicamente, como “um governo autocrático, com poder ditatorial, repressão à oposição por via da força e forte arregimentação da sociedade e da economia, centralizado na figura de um ditador”.

Conceitualmente, a psicopatia é uma condição com várias características complexas – p.ex. a falta de empatia, a impulsividade e a dificuldade para se conectar emocionalmente. O presidente do Brasil fere a Constituição Federal (1988, Art. 3º), quando referenda que “pedir o AI-5, a ditadura, o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal é um exercício de liberdade de expressão”. Estudos sobre psicopatia mostram que os níveis de impulsividade são o fator mais comum.

Para o psicanalista Joel Birman (1981), os gestos e atos do presidente do Brasil “são marcados por crueldade e violência”, que atentam contra a vida. Grinberg (1971) acentua nos psicopatas os distúrbios do vínculo de integração social da identidade, em função do estabelecimento de relações objetais e das identificações decorrentes. Logo, o quadro psicopático pode ser entendido como um mecanismo de defesa da personalidade, encobrindo uma profunda falha, caracterizada por perturbações da identidade, das relações sociais e da comunicação. Em si, um ser desmedido.

Ele diz combater a violência endêmica no país, mas revogou as portarias (46, 60 e 61) do Comando Logístico (COLOG), que tratam do rígido rastreamento, identificação e marcação de armas e munições, favorecendo a atuação do crime organizado e de milícias, em detrimento da investigação policial. Ele defende o torturador e condena as vítimas, publicamente. No livro “Mentes perigosas” de Ana Beatriz (2010), a “psicopatia não é uma doença, é uma maneira de ser”, impulsiva e instável.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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