Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Em Teresina o usuário do transporte público é feito de bobo da corte

Foto: GP1Menos ônibus: o teresinense vai enfrentar veículos lotados por conta do Prefeito da cidade

 

Não é de hoje que os problemas envolvendo o transporte coletivo público no Brasil tem merecido pouca atenção, gerando descontentamentos e muitos prejuízos à classe trabalhadora e, principalmente à população – justamente quem mantém o sistema de transporte coletivo público nas cidades.

Esclareço que, o transporte coletivo é aquele não individual e com características de deslocamento diário dos cidadãos, e por muitas vezes, é entendido como sinônimo de transporte público, pois é utilizado para conduzir uma grande quantidade de usuários.

No caso de Teresina, a expressão que melhor define o transporte coletivo, da perspectiva do usuário, é: ineficiência por excelência. Considerando que o transporte coletivo é um serviço público que pode ser prestado: diretamente pelo Poder Público (o que é mais raro); pela iniciativa privada, por meio de contrato de concessão ou permissão. Logo, é de responsabilidade do prestador de serviço assegurar a qualidade e eficiência.

Como em Teresina há concessão ou permissão (às vezes, sob suspeições) para a iniciativa privada, sempre que a classe de trabalhadores se organiza em greves para lutar pelos seus direitos, a Prefeitura de Teresina – através da STRANS – ameaça ingressar com uma ação judicial contra os trabalhadores, ou contra os empresários, por suposto descumprimento do acordo celebrado. E por que o Poder Público Municipal não exerce, continuamente, o seu poder fiscalizatório e de regulação do transporte coletivo urbano e rural em Teresina?

No Brasil, o Transporte coletivo público, no âmbito das fiscalizações, cabe à União a fiscalização no transporte interestadual ou internacional, enquanto o transporte intermunicipal é de responsabilidade dos Estados, cabendo aos municípios fiscalizar o transporte municipal.

Porém, há décadas todos os gestores públicos que passaram pelo Palácio da Cidade se esquivam de assumir tal responsabilidade, com medo de perder apoio político entre os trabalhadores do sistema e o apoio financeiro dos empresários durante os pleitos eleitorais. E o povo (ou usuário), que sustenta o sistema, é feito de bobo da corte, para alimentar os vícios de gestão que explora a classe dos trabalhadores. Muitas das vezes, cooptando falsos representantes dos classistas que se escondem atrás do sindicado.

Estão preocupados, de fato, com os trabalhadores e os usuários do transporte coletivo público de Teresina? Se não bastasse as manobras eleitoreiras entre a classe patronal e os mandatários políticos, há muitos sindicalistas que se envolvem em supostas fraudes internas para desviar recursos e sabotar eleições contra a vontade dos trabalhadores. Isso, além de desmoralizar a classe trabalhadora, prejudica ainda mais a prestação de serviço aos usuários.

A questão central nas discussões sobre as eleições dentro do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (SINTETRO-PI) são as negociações anuais das Convenções Coletivas, que nos últimos tempos envolvem, ao que parece, muito mais do que direitos classistas.

Em geral, a principal reivindicação da classe trabalhadora é a assinatura da convenção coletiva da categoria. Durante as rodas de negociação a Prefeitura de Teresina, que deveria privilegiar o interesse público, muitas vezes, se aliada a falsos classistas para defender o interesse patronal. Deixando de fora da convecção trabalhista: os reajustes dos salários e a regulamentação da jornada de trabalho, e penaliza o usuário com um novo reajuste no valor das passagens, sem garantir a qualidade.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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