Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Educação Física e a pandemia

Foto: DivulgaçãoEducação física

 

Com a pandemia de COVID-19, a educação foi seriamente afetada com a ruptura do paradigma da aula presencial, forçando as escolas se adaptarem ao modelo de ensino a distância (remoto). Esse novo contexto social colocou um desafio a mais para os professores de Educação Física: como reorganizar os hábitos, horários e a avaliação das práticas corporais através dos meios tecnológicos.

O isolamento social e a ausência de aulas de Educação Física geraram muitas inquietudes nas crianças e familiares, ao perceberem a importância da Educação Física enquanto um processo pedagógico que visa à formação do humano capaz de se conduzir plenamente em suas diversas atividades: o bem-estar físico e psíquico.

Em 2020, a Educação Física se limitou a acompanhar as atividades produzidas pelas escolas sem propor nem questionar. Contudo, em 2021, já identificamos alterações na forma de condução e proposição de atividades escolares, ressaltando os desafios do trabalho dos professores e seus efeitos na grade curricular.

Com a pandemia, os professores de Educação Física foram forçados a buscar alternativas de como ministrar as aulas e estimular as crianças a praticarem atividades físicas e mentais no ambiente domiciliar, se apoiando em diversos métodos. Como a Educação Física faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define o conjunto de aprendizagens essenciais aos estudantes, o Ministério da Educação (MEC) oferece uma série de conteúdos com exercícios físicos para serem feitos em casa ou na escola de forma segura.

Na BNCC, a Educação Física propõe o desenvolvimento de práticas corporais compostas por três elementos: 1) movimento corporal, 2) organização interna e 3) produto cultural. Tais habilidades e competências auxiliam na ampliação da consciência corporal e valorização da perspectiva da cultura do corpo.

Na valorização da cultura corporal de movimento deve ser avaliado não só se o aluno compreende e participa de jogos esportivos, mas, principalmente, o seu interesse e sua dedicação em danças, brincadeiras e outras formas de atividades físicas que fazem parte da nossa diversidade cultural dentro e fora da escola – p.ex. a capoeira.

Ressalte-se que a Educação Física contribui para o desempenho dos alunos nas outras disciplinas, mas é uma das disciplinas, senão a principal disciplina, que auxilia diretamente para o desenvolvimento das competências e as habilidades socioemocionais da BNCC.

Desse modo, para desenvolver a Educação Física fora da estrutura escolar, os professores terão que se reinventarem, ressignificar e criar outras formas de aproximação e colaboração com os estudantes, através das metodologias ativas e as ferramentas digitais – WhatsApp, Meet, Classroom, Tik Tok –, que permitem desenvolver atividades práticas e os conteúdos teóricos permeados de sentidos e significados.

Antes, porém, temos que superar uma barreira estrutural, de caráter sociocultural e econômica: “[...] no Brasil, 4,8 milhões de crianças e adolescentes, entre 9 e 17 anos, não têm acesso à internet em casa” (TIC Kids Online, 2019). Assim, a escola encontra dificuldades para implementar diferentes formas de estímulos ao interesse dos alunos da Educação Física a distância.

No Ensino Remoto, e depois no Ensino Híbrido, além de orientar sobre a atividade que os alunos devem realizar, o professor de Educação Física tem que ensinar como produzir os equipamentos com os recursos que têm em casa, sem perder de vista os alunos que não se adaptaram à Educação Física online.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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