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Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

É o amor..., por Arnaldo Eugênio

Foto: GoogleÉ o amor...
É o amor...

O Amor: Razão e Emoção Arnaldo Eugênio, doutor em antropologia Historicamente, muitos humanos se questionam se o amor é produto da cultura ou da natureza; se é razão ou emoção; se é biológico ou psicológico, se é sanidade ou loucura.

Daí surge elucubrações e várias afirmações – do tipo: “matou por amor”; “o amor é para sempre”; “existe o amor verdadeiro”; “o amor é cego”; “o amor é pensamento”; “quem ama nunca esquece”; “só se ama uma vez na vida”; “nem todo mundo ama”; “quem ama cuida”; “o amor dá frenesi”; “amor é química pura”; “quem ama não sofre”, etc.

Eis aí, algumas facetas que muitos dão a esse tal amor.

Biologicamente, o amor está no rol das emoções – emoção, do latim movere (ou “mover”), com o prefixo “e” (afastar-se) –, que são, em essência, impulsos, gerados pela evolução, para uma ação imediata ou planejamentos instantâneos que visam lidar com a realidade da vida.

Por exemplo, quando estamos sob o domínio de anseios ou raiva, perdidamente apaixonados ou transidos de pavor, é o sistema límbico – a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais – que nos governa, em vez da impulsividade das reações invariáveis e automáticas.

Assim, sob as emoções sempre está implícita uma propensão para um agir impulsivo, vindo do cérebro primitivo, que se constitui num conjunto neural de reguladores pré-programados com a função de determinar ao corpo como deve reagir e assegurar a sobrevivência (DANIEL GOLEMAN, 2012).

Antropologicamente, o amor é um constructo sociocultural nas sociedades humanas, cuja base vem da evolução biológica, com o aumento progressivo de neocórtex (a “sede do pensamento”) para sistema (ou lobo) límbico, sendo ressignificado no processo civilizatório, sob a influência das especificidades temporais e espaciais.

Assim, pode-se dizer que existiu um cérebro emocional ou primitivo (sentimento) muito antes do surgimento do cérebro racional (razão).

Com a evolução do sistema límbico e a diversidade cultural nas sociedades humanas, se evidencia uma infinita variabilidade de manifestações das formas de amor (e de amar) abertas aos seres humanos: o amor é uma invenção humana, independentemente, de gênero ou de construção sexual (ARNALDO EUGÊNIO, 2011).

Desse modo, elaborar uma antropologia do amor – ou interpretar as elucubrações e afirmações sobre o tal amor – exige um olhar distanciado e crítico em relação ao pressuposto de que tanto as emoções quanto os sentimentos apaixonados bem requintados e mais refinados vinculam-se, necessariamente, às experiências e às manifestações do amor romântico, da maneira como ele tem sido concebido e idealizado no Ocidente (JOSEFINA LOBATO, 2012).

Logo, sendo inventado, o amor não tem receita nem prova e amar se faz amando diversas vezes e de várias formas.

Psiquicamente, o amor é um produto dos sentimentos de afeição e de satisfações sexuais construídos pela estimulação parassimpática (ou padrão parassimpático, que é uma “resposta de relaxamento”), se constituindo no oposto fisiológico que nos mobiliza para “lutar-ou-fugir”, quando estamos sob o sentimento de medo ou ira.

Sendo humano, a imperfeição do amor urge da inteligência emocional para neutralizar as pulsões agressivas.

Filosoficamente, na civilização ocidental, existem: 1) o amor Eros, para Platão, um sentimento ligado à ideia de desejar fortemente algo ou alguém, que desaparece quando o desejo é satisfeito; 2) o amor Filos, Aristóteles diz ser um amor vinculado à ideia de alegria.

Assim, só existe quando as duas pessoas são felizes; e 3) o amor Ágape, aquele idealizado na renúncia, na abdicação, sem esperar retorno ou reconhecimento.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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