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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Desmoralização da Lava-Jato se intensifica

Foto: Google ImagensOperadores da Lava Jato
Operadores da Lava Jato

As declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, reforçaram o tom de desmoralização da Operação Lava-Jato, responsável, entre outros crimes, pela implacável perseguição contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso, sem provas, há mais de um ano e meio. As palavras do ministro não parecem expressar um posicionamento individual, mas sugerem que há, em curso, uma tendência de reversão da postura e compreensão, por parte de setores da própria justiça brasileira, quanto a Lava-Jato.

Através da grande mídia, foram transformados em pseudo-heróis figuras como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) – e chefe da Lava Jato –, e o procurador federal Deltan Dallagnol, coordenador da Força Tarefa da operação. Até então anônimos, alguns dos membros da Lava-Jato se tornaram celebridades nacionais, graças a um movimento feito pelos maiores veículos da imprensa, transformando-a num monstro, quase incontrolável, que solapou o estado democrático de direito.

Ao atingirem seu clímax, de conseguir trancafiar Lula como preso político, reconhecido como um dos maiores líderes mundiais da atualidade, pareciam ter conseguido um troféu equivalente ao Oscar, premiando um comportamento inescrupuloso e ativista, ao arrepio da lei. Boa parte da sociedade percebeu, desde início, que se tratava de um sistema ardiloso, bem orquestrado e organizado, com um claro projeto político de poder, que objetivava inicialmente derrubar o PT e manter o ex-presidente fora das eleições de 2018.

Rasgando a Constituição de 88

Não bastava rasgar a Consituição Federal de 1988, leis como o Código de Processo Penal, para aplicar, nas palavras do próprio Gilmar Mendes, uma súmula na qual se configurou atos de abuso de autoridade, como prisões após condenação em segundo grau como regra. As operações truculentas e midiáticas da Polícia Federal, por exemplo, dando cumprimento a um mandado ilegal de condução coercitiva de Lula, assinado por Sérgio Moro, ilustram o que o ministro do STF classificou como “gangsterismo” na atuação da força-tarefa.

São impressionantes as cenas do documentário cinematográfico “Democracia em Vertigem”, da cineasta Petra Costa, registrando gavetas reviradas, travesseiros rasgados, móveis quebrados, livros e utensílios domésticos espalhados pelos cômodos do apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP). O que chama a atenção é o ódio desses agentes públicos no decorrer do processo de perseguição aos petistas, especialmente Lula. Como observou Gilmar Mendes, “não se combate o crime cometendo crimes”.

“Daqui a pouco teríamos pessoas vendendo operações como, por exemplo, forçando pessoas a comprar palestras”, disparou o ministro. “Isso não é republicano.” Não mesmo. A posição de Gilmar Mendes e setores da justiça certamente leva em conta as revelações, pelo site The Intercept Brasil, dos diálogos entre Moro, Dallagnol e outros magistrados e procuradores federais, desnudados definitivamente. Quem sabe, agora, o STF aproveite a oportunidade de corrigir o erro fundamental de corroborar com tudo o que foi feito pela Lava-Jato.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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