Pensar Piauí
Jornalista

Sérgio Fontenele

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A humilhante porém adequada expulsão de Átila Lira

Foto: google imagensDeputado Átila Lira expulso do PSB
Deputado Átila Lira expulso do PSB

A expulsão do deputado federal Átila Lira, dos quadros do PSB, é um fato que reforça seu histórico e currículo como político fisiológico e compromissado com as elites e quem está no poder, pelo poder, exercido em detrimento do bem comum. Um dos protagonistas das chamadas oligarquias do Piauí, superadas historicamente pela ascensão do PT de Wellington Dias, desde 2002, o parlamentar nunca deixou de ser, na verdade, um “pefelista” – no sentido mais pejorativo da expressão –, ainda que a sigla PFL não exista mais.

A alcunha, associada à ideia do tradicional patrimonialismo brasileiro, tão próprio da velha política coronelista do Nordeste, lhe cai perfeitamente, como um terno bem cortado, feito sob encomenda, tanto que, contrariando a posição oficial de seu ex-partido, resolveu mais uma vez associar-se ao poder de ocasião. Como homem público conservador, ele apoiou, desde os anos 70, os regimes militares durante a ditadura, e, após a redemocratização, os presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer.

Não por acaso, foi membro da ARENA, na ditadura militar, depois, do PDS, seguido do PFL e, posteriormente, do PSDB, quase sempre ao lado de quem está no Palácio do Planalto. Seu perfil apático, apagado, blasé, entediado, burocrático, sem qualquer carisma ou apelo popular, lhe rendeu, inacreditavelmente, oito mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados, porém nunca possibilitou vitória em disputa por algum cargo majoritário. Átila foi derrotado em campanhas eleitorais para a Prefeitura de Teresina e o Governo do Estado.

Derrotado por Mão Santa

Em 1994, com o apoio do governador Guilherme Melo, de 99% dos prefeitos municipais, vários ex-governadores, como o primo Freitas Neto, então candidato vitorioso a senador, Átila Lira conseguiu a proeza de perder a disputa, pelo Palácio de Karnak, para o azarão Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa. Franco favorito, apontado pelas pesquisas eleitorais como vitorioso, Átila chegou a dar entrevista, durante a votação, como governador eleito, mas terminou derrotado nas urnas.

Ele é um desses que conseguem personificar, com riqueza de detalhes, a figura do político profissional, preocupado tão somente com sua carreira e seus próprios interesses particulares ou das elites a quem representa, se transformando assim em figura intolerável dentro do PSB. Não por acaso foi expulso por 82 votos a quatro, praticamente a unanimidade do Diretório Nacional do partido, o que é vergonhoso, porém adequado a essa trajetória de oportunismo e falta de compromisso com a sociedade.

Afinal, votou a favor da reforma da previdência, nos dois turnos, desrespeitando a orientação do PSB, que se posicionou como oposição ao governo Bolsonaro. Átila Lira tentou se justificar, declarando que votou numa proposta “justa”, mas seus atos falam por si só. Ele votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto dos Gastos Públicos, da perversa reforma trabalhista de Temer, em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018… Talvez tudo isso explique a humilhante expulsão.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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