Violência política: sete assassinatos nesta campanha eleitoral

Levantamento da ONG Terra de Direitos constatou que números de casos contra políticos ou candidatos triplicou em três anos

Foto: Reprodução
Câmeras flagram Jorge Marra atirando no candidato Cássrio Remis, que morreu em seguida

 

Evangelista de Sousa Jerônimo, conhecido como Batista da Banca, candidato a vereador pelo PSB em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza (CE), foi encontrado morto dentro de sua casa na noite desta segunda-feira (26). Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o corpo do político tinha marcas de facadas. O caso agora está sendo investigado pela Polícia Civil, que apura se houve motivação política no crime e tenta identificar o autor ou os autores.

Este crime é mais um dos casos de violência contra políticos. Segundo o estudo “Violência política e eleitoral no Brasil”, realizado pela ONG Terra de Direitos e Justiça Global, desde o início da campanha eleitoral, pelo menos sete casos de mortes envolvendo candidatos ou pré-candidatos aconteceram este ano após o início da campanha eleitoral.

O estudo mapeou os casos de violência de janeiro de 2016 a primeiro de setembro deste ano. Foram mapeados 327 casos de violência, contra políticos eleitos, candidatos e pré-candidatos. O que impressiona é o crescimento dos casos. Enquanto foram 46 ocorrências em 2016, no ano passado foram registrados 136 casos, o triplo. O número de assassinatos no período chegou a 68, seguido de 57 atentados contra a vida de candidatos.

No final de setembro, o ex-presidente da Câmara Municipal de Patrocínio (MG) e pré-candidato a vereador, Cassio Reims (PSDB), foi assassinado a tiros após ser interrompido pelo acusado enquanto fazia uma live denunciando uma obra da prefeitura.

O autor dos disparos foi o ex-secretário de Obras de Patrocínio, Jorge Marra. Imagens de câmeras de segurança mostram Marra, que é irmão do prefeito Deiró Marra (DEM), atirando na vítima no estacionamento da secretaria de Obras.  Marra se entregou à polícia e está preso.

Outro de caso de violência recente aconteceu no dia 7 de outubro. Adriano Magalhães era candidato a prefeito do município de Dom Eliseu (PA), pelo Solidariedade. Ele tinha acabado de sair de um comício quando foi baleado. A polícia não tem suspeitos ainda.

Em Paraupebas, no Pará, o candidato a prefeito pelo PRTB, Júlio César, sofre um atentado no dia 15 de outubro, mas escapou com vida. O disparo de armas aconteceu por volta das 20h. Uma caminhonete teria se aproximado do carro do candidato e feito os primeiros disparos. No veículo estavam três pessoas.

No Estado do Rio de Janeiro, a Polícia Civil criou uma força-tarefa para garantir a segurança das eleições e o direito ao voto, após a morte de dois candidatos a vereador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Mauro Miranda da Rocha (PTN) foi assassinado em 1º de outubro numa padaria do município, ao lado de dois amigos, que foram atingidos e sobreviveram. No sábado (10), Domingos Barbosa Cabral, o Domingão (DEM), também foi morto a tiros.

De acordo com a ONG Terra de Direitos em apenas 12% dos casos criminosos envolvendo políticos, o suspeito é identificado. A pesquisa revela ainda que 83% dos crimes não em cidades do interior do Brasil.