Em entrevista ao canal GloboNews, na tarde de quinta-feira (27), Demóstenes Torres, advogado do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, revelou abertamente que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o articulador da tentativa de golpe de Estado frustrada no final de 2022 e início de 2023.
Durante a conversa com a jornalista Andréia Sadi, Torres confirmou que Bolsonaro havia apresentado um “decreto de Estado” aos comandantes das três Forças Armadas, com a intenção de promover uma intervenção militar e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencedor da eleição de outubro de 2022. No entanto, apesar das declarações de vários envolvidos, incluindo os comandantes do Exército e da Aeronáutica, o advogado reforçou que seu cliente, o almirante Garnier, não se envolveu no golpe e jamais colocou as tropas da Marinha à disposição para qualquer tipo de ruptura institucional.
“Não, ele não nega... Veja, ele é um militar e foi convocado duas vezes pelo presidente da República e uma outra vez pelo ministro da Defesa. Em nenhum momento ele colocou essas tropas à disposição. Não há prova disso, Freire Gomes [comandante do Exército] não disse isso, e Baptista Júnior [comandante da Aeronáutica], que alegou ter presenciado [a adesão de Garnier], segundo o procurador-geral Paulo Gonet, não estava na reunião”, afirmou Demóstenes Torres.
Surpresa com a resposta, Andréia Sadi questionou o advogado sobre a razão de o almirante não ter denunciado o ex-presidente, dado que o ato configurava um crime e uma violação da lei.
“Na verdade, o presidente, como disse Freire Gomes [comandante do Exército], apresentou esse decreto e... ele apresentou principalmente os ‘considerandos’, segundo Freire Gomes, e ficou acordado que discutiriam isso depois. Na segunda reunião, quando tudo já estava acabado, ele [Bolsonaro] não disse mais nada”, concluiu o advogado do ex-comandante da Marinha.