A CPI do MST tem sido palco para ruralistas criminalizarem o Movimento. Na quarta-feira (31), os deputados da comissão ouviram o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Expoente dos ruralistas brasileiros, tendo presidido a União Democrática Ruralista (UDR), Caiado disse que o MST é um movimento clandestino, pois não tem CNJP. E afirmou que “falsos assentamentos” eram utilizados para promover o tráfico de drogas.
Faltando com a verdade histórica, Caiado atribuiu a criação do MST ao teólogo Leonardo Boff, que teria angariado discípulos “travestidos de defensores dos pobres” para estimular a invasão de terras no Brasil. A verdade sobre as origens do MST foi dita pela deputada Gleisi Hoffmann:
“Para combater as invasões, criamos a UDR e passamos a conscientizar os produtores rurais”, disse o governador de Goiás tentando justificar a criação da entidade que reune os grandes latifundiários do país e que se notabiliza por ações para barrar a reforma agrária no Brasil.
Deputados progressistas da base do governo reagiram. Sâmia Bomfim (Psol-SP) lembrou que o governador tem “relações íntimas” com um empresário da indústria química que foi indiciado, em 2000, pela CPI do Narcotráfico, após ser flagrado “operando refino de cocaína”. De acordo com a deputada, o empresário foi um dos maiores financiadores das campanhas de Caiado. “E ele vai lá, e acusa o MST de ser narcotraficante”.
“Ele acusa o MST de uma série de barbaridades, mas esqueceu de dizer que seu tio Antonio Ramos Caiado está na lista suja do trabalho escravo. Foram encontrados quatro trabalhadores em situação análoga à escravidão dentro da sua carvoaria”, disse Sâmia. A parlamentar também citou que outro primo de Caiado também responde a uma série de inquéritos pelo mesmo motivo. E acusou a UDR de ter ligação com o assassinato do ambientalista Chico Mendes, em 1988.