"Vai entrar muito investimento direto no Brasil", garante Lula

"A gente não quer vender estatal, a gente quer vender produtos produzidos por essa empresa, pelas empresas privadas, pela agricultura", diz Lula

Foto: Ricardo Stuckert
Lula

247 - O ex-presidente Lula (PT), em entrevista nesta sexta-feira (1) à Rádio Metrópole, da Bahia, foi perguntado sobre as diretrizes da política internacional de seu eventual terceiro governo.

O petista fez um retrospecto dos avanços obtidos na área durante seus dois primeiros governos. "Quando chegamos à Presidência, o Brasil não tinha reservas internacionais, nosso fluxo de balança de comércio exterior não chegava a US$ 100 bilhões e o Brasil não tinha dinheiro para pagar suas importações. Cinco anos depois, o Brasil não devia nada para o FMI - pelo contrário, o FMI passou a dever US$ 15 bilhões de dólares que nós emprestamos -, o Brasil tinha US$ 280 bilhões em reservas e a gente tinha uma relação excepcional. Tínhamos uma bilateral entre Brasil, Índia e África do Sul, construímos os Brics, fortalecemos o Mercosul, criamos a Unasul, criamos a Selac, criamos grupos de discussão política entre a América do Sul e a África, entre a América do Sul e os países árabes. Ou seja, passamos a ter relação com o mundo. Fui o primeiro presidente brasileiro a participar de todas as reuniões do G7 e depois ajudamos a criar o G20, onde o Brasil era tratado com muita deferência. Fui muito bem tratado por todos os presidentes". 

Lula garantiu que o país voltará a ser um destino atrativo para investimentos estrangeiros. "O Brasil é um país que pode se dar bem com todo mundo. E como eu quero cuidar do povo pobre, da questão ambiental, tenho certeza: vai entrar muito investimento direto nesse país".

O ex-presidente disse que pautará sua agenda internacional na retomada da credibilidade brasileira e na garantia de soberania. "Nós vamos visitar o mundo, restabelecer a nossa credibilidade internacional e o Brasil vai voltar a ser o país em que você, quando chegar no aeroporto e mostrar seu passaporte brasileiro, vai ver o orgulho com que você vai ser recebido. (...) O que interessa é as pessoas lá de fora perceberem que o povo brasileiro está bem. Soberania não é apenas o país ser forte e ter uma independência. Soberania é o povo comer, estudar, trabalhar, ter saúde. É uma coisa mais nobre. Você não tem soberania com fome. Então esse país eu provei que era possível mudar, e agora estou com muito mais vontade de provar outra vez. Vamos restabelecer a credibilidade internacional. Vou conversar com o Biden, vou conversar com os alemães, vou conversar com os franceses, com os italianos, com os ingleses, com os japoneses, com os chineses, com os russos, com a Venezuela, com a Argentina, com o Chile, com o Peru, com o Equador, com a Colômbia, com o Paraguai. Vou conversar. Trazer toda essa gente aqui, abraçar, dar um tapinha nas costas e falar: 'vamos juntos porque todos os países precisam crescer juntos'".

Ele ainda afirmou que buscará ampliar o comércio exterior. "Quando eu trouxe o [Luiz Fernando] Furlan para ser meu ministro eu falei: 'Furlan, eu não quero você de ministro de Comércio Exterior, eu quero um mascate. Eu quero que você ponha as coisas que o Brasil produz e saia pelo mundo como aquele mascate saía antigamente aqui na Bahia de casa em casa batendo palma e oferecendo coisa para vender'. Quero que a gente faça isso. A gente não quer vender empresa estatal, a gente quer vender produtos produzidos por essa empresa estatal, pelas empresas públicas, pelas empresas privadas, pela agricultura brasileira. É isso que a gente vai voltar a fazer. A gente vai respeitar todo mundo e todo mundo vai respeitar a gente".