Os quatro clubes brasileiros que disputam o Mundial de Clubes da Fifa nos Estados Unidos não têm motivos para reclamar dentro de campo — todos avançaram à fase eliminatória da competição, que começa neste sábado (28). O desempenho esportivo, até aqui, já rendeu uma bolada: US$ 107,4 milhões (cerca de R$ 588,5 milhões). Mas, fora das quatro linhas, uma surpresa (para alguns) amarga: o famoso "país das liberdades" não é nada liberal quando o assunto é imposto.
Segundo levantamento da ESPN Brasil, ao menos 30% da premiação total ficará retida em solo americano por conta de impostos federais e estaduais. Resultado: mais de R$ 170 milhões (em valores convertidos) deixarão de ir para os cofres dos clubes brasileiros e irão direto para o fisco estadunidense. A quantia líquida, após o desconto, deve girar em torno de US$ 75 milhões — ou R$ 411 milhões. E como ainda teremos brasileiro nas quartas, já que Botafogo e Palmeiras se enfrentam, a premiação (e a mordida do leão americano) só deve crescer.
Mas não para por aí. Os EUA também tributam os dias trabalhados por jogadores, comissão técnica e funcionários durante o torneio, com alíquotas que podem chegar a 37%. Apenas quem ganha menos de US$ 3 mil escapa da mordida. A fórmula de cálculo segue uma regra proporcional com base no rendimento anual e nos dias de atuação em território americano. Nada muito diferente do que se vê por aqui, no Brasil — só que vindo de um país que, para muitos parlamentares do Centrão, representa o paraíso do livre mercado.
Além da fatia do bolo da premiação e dos salários, o consumo também enche os cofres locais. Cerca de 25 mil torcedores brasileiros viajaram para os EUA para acompanhar o torneio. Com base no gasto médio do turista brasileiro, estima-se que deixem por lá mais US$ 55 milhões.
Fica a pergunta no ar: se os EUA são mesmo a pátria da liberdade econômica, por que cobram tanto imposto? Seria o "livre mercado" só para os discursos de púlpito? Talvez valesse a pena convidar os deputados do Centrão, tão fascinados por tudo que vem do norte, a irem legislar em Washington e tentar convencer o Tio Sam a reduzir impostos. Boa sorte a eles.