Ucrânia e Brasil: duas vítimas das guerras híbridas dos Estados Unidos

Analista norte-americano compara a ingerência dos EUA na Ucrânia com o golpe em Dilma Rousseff

Foto: Divulgação
Volodymyr Zelensky e Dilma Rousseff

 

Em entrevista ao UOL, o analista Andrew Korybko traçou um paralelo entre a “ingerência” dos Estados Unidos na Ucrânia com a crise no Brasil, a partir de 2013, que culminou no impeachment de Dilma Rousseff.

Na visão do analista, a Ucrânia, assim como o Brasil, foram “vítimas” das chamadas “guerras híbridas” dirigidas pelos Estados Unidos em sua empreitada para ampliar a “hegemonia” norte-americana.

Da mesma forma que as jornadas de 2013 terminaram com a eleição de Jair Bolsonaro, as agitações na Ucrânia nos últimos anos, com digitais dos EUA, levaram à presidência de Volodymyr Zelensky, um ousider de 44 anos, sem experiência na política, que acabou se tornando um governante conivente com grupos de ultradireita.

Guerra híbrida é um conceito que mistura incitações a protestos populares ou convulsão social com outros elementos de ingerência, como sanções econômicas, processos judiciais, ataques hackers, retaliações políticas – tudo com o objetivo de substituir um governo que não esteja alinhado aos interesses dos EUA.

A partir de 2013, o governo Dilma passou a ser alvo de protestos que começaram pelo aumento do preço do transporte público em algumas capitais, mas depois a pauta passou a ser controlada por grupos de direita contrários ao PT. Deste evento nasceram grupos como o Movimento Brasil Livre, apoiados pelo Atlas Network, um think tank norte-americano.

A partir de 2014, o governo Dilma também foi abalado pela Operação Lava Jato, sob a batuta de Sergio Moro. O lawfare não só criou a tempestade perfeita para o impeachment da ex-presidente, como também impediu Lula de participar das eleições de 2018.

A guerra híbrida na Ucrânia 

Segundo Korybko, a ingerência dos Estados Unidos na Ucrânia derrubou um governo em 2014 e levou ao poder “forças de extrema-direita” que agora ameaçam minorias russas com sua ideologia inclinada ao fascismo. Foi por isso que a Crimeia e as repúblicas do Donbass se uniram com a Rússia e declararam sua independência em relação à Ucrânia, explicou o analista.

Por aí também se justificam os ataques da Rússia, no sentindo de taxar o governo do ucraniano Volodymyr Zelensky de nazista. No primeiro dia de invasão russa no território da Ucrânia, o governo de Vladimir Putin disse que o objetivo da operação militar era desarmar a Ucrânia e remover os nazistas do poder.

Guerra híbrida também tem conexão com o termo “guerra por procuração” ou “conflito por procuração”. Na prática, é como se os EUA tivessem delegado a terceiros – opinião pública, civis, manifestantes, mídia, etc – a missão de pressionar até que o seu alvo sucumba ou seja removido do governo.