Depois que o governador Rafael Fonteles (PT) e os líderes da base aliada fecharam o acordo de que Marcelo Castro (MDB) e Júlio César (PSD) serão candidatos ao Senado e a candidatura de vice-governador caberá ao Partido dos Trabalhadores, em 2026, Themístocles Filho (MDB), movido pelo brio, tornou pública a sua insatisfação e de afilhados políticos por mais espaço no governo.
Porém, ele – um dos ícones da política piauiense – não expôs os fatos políticos subjacentes. Somente o senador Marcelo Castro, na polidez de porta-voz partidário, veio a público reforçar que “Themístocles Filho não está satisfeito com o PT indicar vice de Rafael”. E, se fosse o MDB no poder, Themístocles faria ou não o mesmo para se reeleger?
Com isso, do mesmo modo que a insatisfação de Themístocles pode ativar o arquétipo da raposa – no lado luz – para formar o bloco de opositores; é possível despertar, também, o lado sombra do arquétipo, levando-o à ruína política, pois sair da situação estruturada e se jogar numa oposição a estruturar é um risco iminente de derrota e ostracismo.
Ademais, “na política, ninguém é eterno”, posto que o poder político e a influência pessoal são temporários e, eventualmente, chegam ao fim – com a perda de eleições, a impopularidade, o término de mandatos, a autossuficiência, a ambição desmedida, o ego ou a morte.
Pois, é da natureza da política, a impermanência e a transitoriedade, onde líderes e partidos políticos entram e saem do poder; onde as opiniões e ideologias podem mudar ao longo do tempo. Logo, sob o lado sombra do arquétipo da raposa, a insatisfação de Themístocles pode cegá-lo para a importância da humildade e da moderação quando se ocupam cargos políticos – ou seja, não está no controle de quem os ocupam –, já que o tempo no governo é circunstancial.
É evidente que o vice-governador está insatisfeito por ter sido postergado. Todavia, como alertou, sensatamente, o deputado Francisco Limma (PT), nas sinuosidades da política, para não cair nos aspectos negativos do arquétipo da raposa – p.ex. a manipulação e o engano – é prudente aceitar que os “interesses pessoais não podem se sobrepor ao Estado em meio à disputa”. Isto é, a vaidade na política ou uso da política para satisfação pessoal, em detrimento do bem comum, é um beco sem saída, que leva à decadência e ao isolamento.
A assertiva cordata de Limma, alerta que uma coisa é pleitear tudo e não conseguir; outra é estar no cargo e não permanecer. Contudo, em ambas, a frase serve de consolo ou esperança para aqueles que se sentem frustrados com o deslinde da situação política, indicando que o “time governista” pode remodelar, onde novos líderes e ideias podem surgir.
Nesse contexto, parece precipitada a ação política de Themístocles – um insigne líder político – em abdicar de agir no lado luz do arquétipo da raposa, ou seja, atuar com astúcia, inteligência e adaptabilidade. Pois, na sua essência, a raposa representa a exímia capacidade de observar e superar desafios, utilizando soluções criativas e estratégicas, que lhe permite se antecipar e tomar decisões.
Na mesma desentoada de visão do momento político segue o deputado João Madison, líder do MDB na Assembleia Legislativa e político destro, em insistir que “o partido seguirá defendendo a indicação de Themístocles Filho para a composição da vice na chapa”. Pois, isto não é mais pauta de debate entre Rafael Fonteles e os líderes da base aliada, visando a reeleição, em 2026.
Portanto, em 2025, é o momento para fechar os acordos entre os partidos, reforçar a confiança nas lideranças e tomar decisões com base nos interesses coletivos – do Brasil, do Piauí e da base governista –, liderados por Rafael Fonteles e Wellington Dias à reeleição.